CICLO 03 – SANTA NUTRIZ

COMO LER TRADUZIDO?

1 – TRADUZINDO

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INTRODUÇÃO 

“Gabriel recolheu a doce e eterna alma da Menina e a trouxe ao ventre de Ana. Desde então Deus pôde olhar para a Terra sem sentir desgosto por tê- la criado. Assim nasceu a pequena Criatura amada por Deus e pelos Anjos. Minha Mãe foi a Menina do Templo dos três aos quinze anos. Virgem desde sempre, virgem continuou. Gabriel voltou para lhe pedir que se tornasse Mãe… Ela indagou como se- ria, e disse: ‘Eis a Serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a sua Palavra!’ E o Espírito de Deus desceu sobre Sua Esposa. Foi nesse abraço que lhe incutiu Sua Divina Luz aperfeiçoando em Sumo grau as Virtudes do Silêncio, da Humildade, da Prudência e da Caridade tornando-a UMA SÓ COISA com a Sabedoria Divina perdida no Oce- ano de Obediência que SOU EU JESUS.”

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Deus trino

Criou o Universo do absoluto nada!

Nele quis colocar um rei que pela natureza da ma- téria fosse o primeiro entre as criaturas. E pela natureza do Espírito fosse um pouco menos que Divino fundido no Amor. Em sua Perfeição Deus não precisava criar coisa alguma. Ele se basta a Si mesmo. Nada do que criou aumentou um átomo de Seu Poder e de Sua Glória.
 

Viveriam na Casa-Mãe-Terra e depois de maduros voltariam a se unir a Ele no Paraíso. Porém, não ignorava que seu herdeiro iria desobedecer e perder o direito a este convívio. Seria soberbo, desonesto e indigno de merecer Suas Maravilhas. Por sua In- finita Bondade antes de acontecer o pecado idealizou o Grande Plano de Salvação!

A VINDA DE SEU FILHO
JESUS

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Para ser Carne precisava de uma mãe e para ser Deus precisava que o Seu Pai fosse DEUS. Criou então para-Si uma Esposa que tivesse a Dignidade e a Pureza capazes de conter o que jamais poderia ser contido:

A SANTÍSSIMA TRINDADE

O Nascimento de Maria deu início à Maior História do Mundo e será sem dúvida um dos Maiores Mistérios a serem revelados no Final dos Tempos. Esta Criatura Singular será aclamada e exaltada por toda a Humanidade, quando por Ordem Divina, derrotar o grande inimigo: Satanás. O Poder da Trindade estará todo em suas Mãos.

Ana e Joaquim da estirpe de Davi eram justos e ti- nham Sabedoria. Com mais de cinquenta anos Ana era muito bela, porte nobre e olhar altivo. Porém meio triste… Não tinham filhos. Na Festa dos Tabernáculos ela foi insistente: “Deus tudo pode! Se um filho nos for dado o consagraremos ao Se- nhor!” E na penumbra do Templo ouviu um sus- surro: “Uma Estrela virá a ti!”

Através da Palavra, Deus operou o Milagre de fecundar o seu seio infecundo. Naquela noite Ana concebeu de forma natural Maria!

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Através da Palavra Deus operou o Milagre de fecundar o que era infecundo. Foi o próprio Jesus quem sussurrou a Palavra que trouxe a Salvação aos Povos! Estava feliz!! Enfim tinha uma Mãe nascida de dois Santos! Ana sonhava com um filho. Teve a Mãe de Deus! A única a ter o Corpo e Espírito Imaculados! Era a certeza de que o Paraíso estava prestes a chegar à Terra!

Imaginemos a beleza dessa alma que Deus almejou antes que o Tempo existisse. Com seu sorriso já começava a santificar a Terra inteira. Falar da Concepção de Maria é entender a razão do perfeito regozijo de Deus Uno e Trino que dos homens só teve razões de tristeza. Finalmente Ele teria Maria que iria amá-Lo por todos os humanos infiéis!

“Ó toda Santa que Deus criou para Si e para refúgio dos homens! Oh! Bendita do Pai! Alma criada para ser a alma da Mãe!”

“Quando de uma viva palpitação do Trino Amor brotou sua Centelha Vital, jubilaram todos os Anjos. Joia e chama tão potente que o Pecado não pôde contaminar. Atravessou espaços e se fechou no Seio Santo de Ana.”

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“A Terra ainda não sabia mas já possuía a sua Flor! A verdadeira e única Flor que floresce eter- namente na qual se reúnem todas as Virtudes e Graças. Ó Amor Eterno de Teu Deus! Posso ver-te tal como serás. Que o mundo se torne mais bonito com teu sorriso. Ó alegria do Paraíso!”

Os versos em Provérbios à Sabedoria na realidade falam Dela: A Bela Mãe, a Santa Mãe, a Virgem Mãe da Sabedoria. Maria!

MESES SE PASSARAM

Ana aguardava a sua hora. O horizonte tornou-se escuro. Tudo estremeceu com o raio que anunciava forte temporal. Um servo apavorado gritou: “Pa- rece que Satanás saiu do inferno com todos os seus demônios. Se é ele, está furioso esta noite!”

Estava para nascer a Menina que iria derrotá-lo. Toda a Milícia Celeste sabia que a manifestação de ódio duraria pouco tempo. Do quarto ouviu-se o anúncio tão esperado no Céu e na Terra.

NASCEU MARIA
ESPOSA DO ALTíSSIMO

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Por sua Santidade Ana não passou pelas dores do parto, mas pelo êxtase de quem trazia a Esposa do Altíssimo!.. Um imenso Arco-íris se estendeu var- rendo toda impureza e antes do pôr de sol surgia uma estrela como enorme diamante.

Imaginemos a beleza dessa alma que Deus almejou antes do tempo existir. “Ó toda Santa que Deus criou para Si e para refúgio dos homens! “Vem ale- gria Minha! Que o mundo possa aprender contigo a Me amar! Oh! Amor de Teu Deus!!”

Sim. Deus merecia criar o homem só para ter Sua Filha dileta, Sua Mãe puríssima e Sua Esposa amo- rosa. Ele que tudo fez para ter a criatura de Suas delícias, continua fazendo e nos dando tudo por Ela, a pedido Dela para alegria Dela!

Maria veio plena de Sabedoria. A mesma de Jesus- Menino. Difícil era mantê-la dentro dos limites para não chamar atenção. A Mãe que trouxe a Palavra de Deus não podia falar como uma criança qualquer… E sim como uma criatura Celestial que vivia unida à Luz e à Sabedoria Divina.

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DESFORRA DE DEUS

“Solta urros de inveja ó Satanás! Esta menina te venceu! Mil exércitos nada podem contra seu Po- der. Seu calcanharzinho pequenino te pisa e te con- fina! Estás vencido por uma Mulher! Contra ti Deus Trino ergue a Perfeita Menina de coração de Pomba, simples e pura que o mundo não conseguiu corromper.”

A pequenina já andava pelo jardim em busca de florzinhas. Seu doce andar parecia de uma pombi- nha graciosa em seu vestidinho branco. Cabelinhos cor de mel e olhinhos da cor do Céu. Para cada flor- zinha que entregava à mãe contava uma historinha. O mais incrível nisso é que falava de personagens das Escrituras com tal Sabedoria que até a mãe se espantava.

“Como sabes essas coisas, querida?” “Não sei. Talvez alguém do Céu. Mas acho que sempre soube dessas coisas…”

Maria era curiosa sobre a Chegada de Jesus. Para alegrá-la, Ana dizia que se rezasse bastante ela po- dia abreviar Sua chegada.

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“Então rezarei bastante para que Ele venha logo. Quero ser virgem como a mãe Dele!… Permanecer menina na carne e Anjo no coração.” “Não terás filhos tu que gostas tanto de crianças?” “Nada im- porta! Serei de Deus!”

PLENA DE SABEDORIA

Como Maria poderia falar certas coisas com apenas três anos? Sabedoria é um dom que Deus concede até a algumas crianças capazes de discernir e en- tender usando da razão desenvolvida. Deus pode dar na medida que quiser, a quem quiser e quando quiser. E não teria Deus um Amor todo especial à Sua Esposa ainda menina que um dia trará em si a Palavra de Deus?…

CHEGOU O DIA

Ana sabia que sua florzinha não lhe pertencia. Aos três anos seria entregue no Templo como uma cor- deirinha sem mácula para servi-Lo até a idade de se casar. A dor em se separar de sua pombinha a fazia envergar a caminho do Templo. Sabia que voltaria à solidão dos que perdem seus filhos. Joaquim muito envelhecido, só conseguia pensar na dor de Abraão ao entregar o seu filho em sacrifício. Mas apesar da dor seria fiel a Deus.

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Naquela época eram poucas as virgens consagradas ao Templo. Maria era a única da estirpe Santa de Davi, da qual nasceria o Messias. Por isso era tratada como uma pérola real a estar diante do Véu Sagrado.

Na caminhada Maria sentia o sofrimento da mãe mas seguia firme. Parecia um pequeno querubim em seu vestidinho branco e o véu de renda de Ana, nela, chegava até o chão. Seguiam com eles os tios Isabel e Zacarias, ele sacerdote no Templo, responsável por zelar pela pequenina. Enquanto aguardavam o abrir das portas os pais emocionados a beijaram uma, duas, dez vezes… Maria foi forte!.. Não chorou. Mas seus labiozinhos tremiam. Sua face pálida realçava o olhar cheio de submissão. Exata- mente como no Calvário. Olhar benevolente dos santos e enamorados por Deus.

Seguiam com eles os tios Isabel e Zacarias, sacer- dote responsável por zelar por ela. Enquanto aguar- davam os pais a beijaram uma, duas, dez vezes… Maria foi forte! Não chorou. Mas seus labiozinhos tremiam. Sua face pálida realçava o olhar cheio de submissão. Exatamente como no Calvário. Olhar benevolente dos puros e dos enamorados por Deus.

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Ouviu-se o toque das trombetas. O Sumo Sacerdote cheio de majestade avançou e a chamou. Maria pa- recia minúscula vista do alto. Separou-se dos pais e foi subindo a escadaria fascinada com o que acon- tecia à sua volta. O Sacerdote lhe impôs as mãos e disse: “Maria de Davi, sabes o teu voto?” O Sim foi alto e claro. “Então entra! Caminha em minha presença e sê perfeita!” Ser perfeita significava ter a Perfeição também na Sensibilidade. Por isso sofreu de modo intenso. Estava predestinada a ser Co-Redentora.

A vida dos avós de Jesus foi rápida como o crepúsculo depois que o sol de suas vidas se ausentou… Tiveram Paz apesar de terem perdido quase todos os bens para os romanos. Não sofreram para gerar nem morrer. E a razão é óbvia. Não receberia Graça alguma a Santa mãe da Santa que trouxe o próprio Deus em seu Espírito??… “Maria nunca esteve afastada Dele! Desde o princípio…”

MARIA NO TEMPLO

Aos doze anos Maria parecia o mesmo querubim de sempre. Adorava cantar orações compostas por ela. Sua intimidade com Deus a fazia irradiar muita luz e alegria a todos.

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“O que fazes, Maria?” perguntou a mestra ao en- trar. “Converso com Deus! Sinto-O muito pertinho aqui no coração. Que Ele perdoe minha soberba… Mas nunca me sinto sozinha. Olho para a direção do Véu Sagrado e vejo-O brilhando em Sua Glória a me dizer: ‘Eu te amo!…’ E eu respondo: ‘Eu tam- bém!..’ Estou no meio de vós, mas é como se um círculo de fogo me separasse do mundo e ficasse só Deus e eu. Sei que pelas Leis terei de casar e ser mãe… Mesmo assim obedecerei essa Voz que me diz: ‘Eu te amo!’ Essa doce Presença me ajudará a me defender. É Ela que quer assim. Não tenho nin- guém além de Deus.”

“Maria! Tu devias ser a Mãe do Cristo, tu que O amas tanto…” “Ah não! Não ouso levantar meu olhar à Sua Glória. Sou pequena como uma pomba. Frágil como um caule de lírio que só sabe florescer e exalar seu perfume sem oferecer resis- tência ao vento. Deus é Meu Vento de Amor! Quero ser Virgem porque o Filho de Deus quis nascer de uma Virgem para valorizar a Virtude da Pureza.”

(JESUS REVELA )

“Maria sempre se recordou de Deus e pensava es- tar sonhando. Na verdade revia tudo o que seu es- pírito vivenciara no Céu desde que nasceu no Pen- samento Divino. Tinha a faculdade de recordar, de

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ver e prever pelo dom da Inteligência Perfeita e cheia da Graça Una e Trina que a preparava para a Maternidade Divina. Não sabia tudo sobre a Sua Missão. Apenas ao ser plena do Espírito Santo compreendeu seu papel: Ser Co-Redentora.”

JOVEM CARPINTEIRO

Na ocasião certa o Sumo Sacerdote a chamou: “Sei que Deus te fala ao coração. Mas Lei é Lei. Terás de casar e ter filhos. Conheces alguém da linhagem de Davi?” Lágrimas surgiram… Como poderia sa- ber se tinha entrado com três anos. E corajosa, res- pondeu: “Antes de entrar eu já havia me consa- grado a Deus. Mas… mas… mas eu vou obedecer.”

José um belo rapaz de trinta e poucos anos se apre- sentou à Convocação. Seus olhos profundos e sé- rios pareciam até meio tristes. Vestia veste marrom, simples e bem arrumada. O decreto pedia que en- viassem um ramo seco, que, devia florescer por Graça Divina. Seria o Sinal de quem teria a honra de desposar a jovem de David. Dias depois anun- ciou: “Por um milagre, o Senhor deu vida a um ramo e muito bom deve ser este rapaz para ser o guarda da Virgem de Davi: José! Carpinteiro de Nazaré.”

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Os noivos não sabiam bem o que dizer. Maria de cabeça baixa aguardou José achar as suas primeiras palavras…

Afinal a saudou timidamente: “Eu te saúdo Maria! Conheci-te pequenina. Ninguém esquece o arco íris quando nasceste. Em Nazaré todos se lembram de ti. A pequena Maria de Joaquim cujo nasci- mento foi um milagre do Senhor! Teu pai mostrava- te por toda parte como uma flor Especial vinda do Céu!… E tua mãe, então. Cantava de alegria… Pa- recia uma cotovia enquanto te amamentava…”

“Fui eu que fiz teu bercinho entalhado de rosas. Na época fazia meus primeiros trabalhos e era amigo do teu pai. Ao falecerem cuidei da casa e do pomar. Olha o raminho que trouxe do teu jardim. Com ele entrego meu coração… Vim para obedecer a Con- vocação mas sou consagrado e não pensava em casar…”

Maria sentiu-se segura. Teria coragem de lhe contar seu Segredo. “Também sou de Deus. Desde pequena ouço uma Voz que me pede a Virgindade como sacrifício de Amor. Por isso renunciei à ale- gria de ser mãe…”

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“Maria! Quero unir meu sacrifício ao teu. Juremos nos amar como os Anjos… Não entendo de letras nem possuo riquezas. Mas a teus pés colocarei mi- nha vida. Vem amada de Deus… Digamos a Ele que O bendizemos…” Depois perguntou onde gostaria de morar. “Em casa dos meus pais estaria bem.” “Então quando tudo estiver arrumado voltarei para te buscar…”

BODAS DE MARIA

Três meses depois voltou com uma linda guirlanda de flores colhidas em pleno inverno, presente do próprio Deus confirmando Seu desejo de vê-la casada com ele.

O Sumo Sacerdote realizou a Cerimônia com muita pompa. Os noivos como representantes reais, se esmeraram nas vestes e no requinte. Maria estava belíssima! Vestes de linho alvo, véu da mãe, cinturão de medalhas em prata, guirlanda de flores e um broche bordado em ouro tradição das mulheres da Casa de David pertencente da mãe de Joaquim. Também em grande elegância José era digno de toda a realeza. Depois das promessas Maria tornou- se esposa de José, embora não fossem morar juntos até completar dezesseis anos.

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Despedidas, abraços recomendações. Partiram para Nazaré no carro dos tios Isabel e Zacarias. De vez em quando Maria abaixava a cortina vendo o Templo cada vez mais distante. Chorava baixinho. Ao avistar Nazaré seu rostinho se iluminou. Uma som- bra de lembrança voltava à memória.

José era muito querido e muitos vieram saudá-los com ramos e flores. Na casinha cheia de recordações Maria parecia reencontrar os pais ouvindo o eco de suas vozes e o perfume do último abraço. Alfeu, irmão de José e a esposa vieram saudá-los com os filhos. Queriam hospedá-la até seu casa- mento oficial. “Ah! Obrigada! Já não me sinto órfã abraçada por essas paredes…”

Antes de entrarem, José pediu que lhe fizesse uma promessa: “Peço-te uma promessa. Quero ser tudo para ti. Não importa o que houver confia em mim!” O sorriso que os envolvia fazia parte do acordo de Castidade Fraterna. Junto à toda pura, José foi sendo impregnado de Sabedoria e dos Altos Segredos de Deus.

Ao se despedir naquele dia, disse: “Isabel vai ficar um tempo contigo para te ensinar a ser dona de casa… Eu virei todas as tardes para te ajudar. E lembra-te do que prometeste.. Adeus.”

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José levou a Castidade ao heroísmo Angelical. Gui- ado por Deus soube ser conduzido pelo Mar de Mistérios chamado Maria! A Arca Viva de Deus guardada e selada atrás dos Sagrados Véus. Soube mortificar seus membros viris e acreditou sem nunca ter visto. Foi o primeiro Corredentor, por isso é tão grande aos olhos de Deus, em especial pelo Amor que nutria pelo Senhor e pela Sagrada Família.

AVE CHEIA DE GRAÇA

O quarto de Maria apesar de humilde, tinha um ar de realeza pelo cuidado com que tudo era mantido. A manta sobre a cama, os livros, o candeeiro e o vasinho sempre com flores frescas. Cantava baixi- nho cantos do Templo e ia aumentando conforme a vibração de sua alma. Os olhos sorriam. Parecia se recordar dos cantos do Templo…

Uma forte Luz resplandeceu. O Arcanjo Gabriel surgiu e prostrou-se diante dela. Tinha aparência humana, mas não de material opaco. Era Luz em forma de corpo que se movia e anunciava:

“Ave cheia de Graça!

O Senhor está contigo.”

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“Sou um Anjo do Senhor! Vais engravidar e darás à luz um Filho cujo Nome será Jesus! Será Filho do Altíssimo e seu Reino jamais terá fim!”

“Mas… mas não conheço homem algum!”

“Tu não serás Mãe por obra do homem. O Espírito Divino descerá sobre ti e te cobrirá com Sua som- bra. O Senhor tudo pode. Tua prima Isabel conce- beu na velhice e está no sexto mês. O que posso dizer ao Meu Senhor?”

“Eu digo SIM!. Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Sua Palavra.” O Anjo exultou de alegria. Parecia ver o Espírito de Deus descer sobre Maria…

E O FILHO DE DEUS SE FEZ CARNE!!

Num ato de extrema Misericórdia submeteu-se à Leis dos homens e habitou o Seio Puríssimo da Virgem Mãe Maria!!

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ÁRVORE  METAFÓRICA

Deus criou o Mundo Perfeito. Inclusive Anjos e Ar- canjos. Satanás era o mais majestoso deles com uma Sabedoria superior. Porém, querendo se igua- lar a Deus, incubou um vapor da soberba gerando a semente do Mal no Mundo. Ao ser expulso do Paraíso, junto com Adão e Eva, veio conquistar os seus adoradores… E não descansará até conseguir ser adorado como um deus por toda a Humanidade.

A Árvore Metafórica do Éden tinha a finalidade de avaliar a Obediência de Adão e Eva. E Deus disse: “Não tenteis roubar-Me o direito de ser o Criador dos homens! Basta Meu Amor sem a libido da sensualidade para que nasçam novas criaturas.”

Satanás mexeu justamente nessa Virgindade Intelectual e a carne foi despertada. Com a malícia que lhes mordia as entranhas Adão e Eva passaram a desejar usos e costumes dos irracionais. Foram devorados pelas tentações de Satanás e conheceram a sedução, a luxúria e a morte. Possuíam a Inocência de se amarem sem malícia mas quiseram amar sem remorsos… Rolaram na lama. Comeram o fruto da Rebeldia contra a Ordem Divina. Fizeram com que o Amor abençoado e santo se tornasse algo promíscuo e corrompido.

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A IMACULADA

Diante das armadilhas do Inimigo, Maria desde pequenina impediu qualquer tentativa dele. Consagrou-se a Deus sem saber que tinha nascido res- guardada de toda Mancha. Maria obedeceu.

Depois do êxtase com o Anjo, seu pensamento foi direto para José. Apesar de não morarem juntos ela já o amava. Tanto que nem sentia mais saudade do Templo. José era bom e santo como seu pai. Sentia- se protegida. Sua Virgindade estava confiada a ele. Agora como lhe dizer que seria mãe??… Que Deus a havia escolhido para ser a Mãe de Jesus??

Enquanto rezava o Espírito Santo lhe disse: “Silen- cia-te! Confia a Mim a tarefa de te justificar ao es- poso!” Mais uma vez Maria obedeceu apesar de não saber quando nem como isso se faria. Precisou aguardar até que Deus revelasse a Verdade. Sua pri- meira grande dor na condição de Co-Redentora.

Naquela tarde quando José foi visitá-la parecia que sua Confiança em Deus havia atingido a Perfeição. Passou a ter uma Confiança Divina. Deus era seu Esposo e seu Filho! Quanta alegria sentia em estar unida Àquele que já vivia em seu ventre juvenil.

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Contou-lhe apenas sobre a gravidez de Isabel di- zendo que desejava ir visitá-la. José se dispôs a levá-la até Jerusalém onde tinha negócios a fazer. Depois um velho amigo a levaria até Hebron, pró- ximo dali. “Ficarei contando os dias… Vai tran- quila! O Senhor estará contigo!” Mal sabia ele que pelo Mistério da Encarnação o Senhor já habitava seu Ventre!…

VISITA A ISABEL

Antes de Jesus nascer, Deus planejou o nascimento daquele que iria anunciar a Sua chegada. Escolheu um casal de idosos, Zacarias e Isabel para manifes- tar Seu Poder. Enviou um Anjo anunciar ao Sacer- dote: “Tua mulher conceberá um menino que será motivo de júbilo para multidões! Virá cheio do Es- pírito Santo e através dele muitos de Israel se con- verterão. Seu nome será João!..”

Zacarias retrucou: “Impossível!! Somos muito ve- lhos!” O Anjo então disse: “Sou Gabriel. Vim te trazer essa Boa Notícia. Mas como não crês, fica- rás mudo até que tudo se realize.” E Isabel com mais de 65 anos engravidou.

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A chegada de Maria a Hebron foi como um raio de Sol a encher a casa de Luz e Paz. Isabel desejava muito aquela visita. Correu abraçá-La e por uns instantes ficaram em silêncio. Olhava-a com tal veneração como se visse um Anjo. Depois inclinou- se comovida e a saudou:

“Bendita és Tu entre todas as mulheres! Bendito é o Fruto do Teu Ventre, Maria! Como pude merecer a visita da Mãe do Meu Salvador? Ao te abraçar o Espírito Santo me revelou Verdades belíssimas.”

“Tu és Bem-Aventurada porque creste que para Deus nada é impossível e farás cumprir as Promessas para esse tempo. Trouxeste a Santidade ao meu filho que aos pulos externou sua alegria. O Santo que cresce em Ti o libertou do peso da Culpa Original…”

MAGNIFICAT

Maria elevou seu olhar e exclamou: “Minha alma glorifica o Senhor! Meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador!…” O Hino do Magnificat que será novamente entoado no Final dos Tempos quando acontecer o Grande Triunfo de Maria.

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A Verdade a respeito da Mãe do Messias foi negada a Zacarias. Isabel lhe contou apenas sobre sua gravidez sem entrar em detalhes. E tudo passou a florir naquela casa. Isabel já não sentia tanto peso nem tantas dores. Parecia até mais jovem…

Maria cantava lindos Salmos apaziguando os corações, inclusive o dela, nos momentos de apreensão. Sempre solícita, tratou logo de tecer o enxoval de João, que até então não possuía quase nada. Isabel se encantava. “Maria! Estás fazendo o enxoval do meu bebê? Deverias preparar para Jesus!” Ao ou- vir o Seu Nome Maria se entristeceu. “Isabel! O que mais o Espírito te inspirou quando cheguei? O que deve fazer Meu Filho para salvar o Mundo? Ah! O que farão com Meu Filho??…”

“Não chores Maria! Ele é teu Filho, mas também é Filho de DEUS!… Se muitos forem cruéis com Ele, muitos haverão de amá-Lo pelos Séculos dos Séculos. O mundo olhará o Teu Filho e te bendirá por ser a Fonte de onde jorrou a Salvação para o Mundo inteiro!”

Foi a Prudência que impediu Maria de revelar seu Segredo a Zacarias. Teria dado passos além do de- vido. Isabel mereceu compreender o Mistério da Encarnação sob a Luz do Espírito Santo por ser uma mulher de fé.

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A estadia teria sido perfeita não fossem os pensa- mentos em José e no Filho!… A Cruz já projetava sua sombra como o som fúnebre ecoado pelos Profetas. No entanto Maria continuava a ser a mesma Menina de sempre.

“Isabel, como será Ele?” “Será bonito como tu!” “Ah! Não!! Será muito mais lindo. Ele é Deus; sou apenas sua serva. Penso que será mais belo que um querubim… Olhos azuis, cabelinho enrolado e voz doce até quando chorar. Ah, como vou amá-Lo… e José também…” E suspirou ao se lembrar dele…

Isabel sentia muito medo de morrer no parto. Con- torcendo-se em dores, ela gritou: “Maria! Maria! Deixa-me colocar a mão em teu ventre!…” “Isabel, Jesus está aqui te ouvindo. Sinto Seu coraçãozinho bater como se estivesse em minhas mãos.” E Isabel apoiando a cabeça no colo de Maria foi consolada.

A noite foi sofrida e longa. Tempo suficiente para Zacarias se arrepender profundamente. Enfim eis João nos braços da parteira gritando de bravo. Foi Maria pegá-lo no colo e ele adormeceu como um pombinho manso.

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(MARIA REVELA)

“Minha presença santificou João, mas não retirou as dores de Isabel. Somente eu, a sem mancha deu à luz sem dor. Porém, como Co-Redentora conheci outro tipo de dor inimaginável aos homens. Suplí- cio comum aos dois… Nunca houve ou haverá uma dor de parto semelhante à minha  Isso porque mi-

nha Maternidade Espiritual se realizou aos pés da Cruz onde Meu Filho morria. O Filho nascido do mais Sublime Amor de um Deus a uma Virgem. Do Beijo de Fogo e do abraço de Luz que se fizeram Carne, tornando meu ventre no Tabernáculo Divino.”

“Ah! Se todos me pedissem: ‘Deixa-me colocar as mãos em teu ventre!  ’ Eu sou Eterna Portadora de

Jesus! Ele está em meu ventre como a Hóstia Sa- grada no Ostensório. Quem vem a mim O encon- tra. Quem em mim se apoia, põe-se em contato com Ele. Quem se dirige a mim, fala com Ele  Porque

eu sou sua veste e Ele a minha alma!”

“Jesus está mais unido a mim que nos nove meses em meu ventre… Por isso todas as dores se acalmam, todas as esperanças florescem, todas as Graças fluem aos que vem repousar a cabeça em meu ventre Vinde! Vinde, ó filhos de minha dor. Eu vos espero aos pés da Cruz. ”

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CIRCUNCISÃO DE JOÃO

Na Circuncisão de João, Zacarias ainda mudo, es- creveu: “O nome dele é João!” Imediatamente a língua se soltou e entoou o Cântico Benedictus, profecia referente tanto a João como também a Ma- ria. “E tu menino (a) será chamado Profeta do Al- tíssimo. Precederás o Senhor e lhe prepararás o Caminho que levará a Salvação ao Mundo!”

A Luz lhe abrira não só a boca, os olhos como o coração. Enxergando a Majestade em Maria, disse. “Ó Virgem profetizada! Adoro em ti o Deus de Is- rael! Perdoa não ter visto antes a tua Majestade!”

Maria cheia de humildade respondeu: “Louvores somente ao Senhor! Tu que oras diante do Santo, ora por mim Sacerdote. Apesar de não saber deta- lhes sinto crescer o peso das minhas dores. Agora seguro teu filho e ele não chora. Acaso poderei ni- nar o Meu para Lhe acalmar as dores??.. Por fa- vor Sacerdote, reza por mim!…”

Tendo sido avisado sobre a apresentação de João, José viajou dois dias sem parar ansioso por levar sua amada de volta para casa. Nada desconfiava. Maria mais calada que de costume mantinha seu

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manto fechado com medo de levantar suspeitas an- tes da hora. No entanto José percebeu seu estado. Começava ali o seu Calvário. Três longos dias de um profundo sofrimento e dor.

 

 

CALVÁRIO DE JOSÉ

(MARIA REVELA)

“Quem poderá medir o grau de sua dor e a perturbação em seus afetos? Teria sido traído? Via desmoronar seu bom nome, a estima na cidade, além de perceber que seus sentimentos de Amor por mim, morriam… Se fosse menos santo poderia ter me denunciando de adúltera para ser apedrejada e o filho morto. Mas José era Santo! Vivia na intimidade de Deus e o alívio chegou. Mas não antes de passar por uma profunda agonia…”

“Também eu tive de passar por essa agonia. Via a angústia daquele homem tão justo e bom sem poder fazer nada. Estava fora do meu alcance. Pensava que Deus já tivesse lhe revelado. Precisei de muita resignação e fé até que chegasse o momento certo. Em Nazaré, depois de um breve adeus, meu coração chorou. Foi preciso esperar, rezar e per- doar o justo desdém, até obter de Deus a Intervenção a meu favor.”

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“Fechada em casa onde tudo falava de José, tive de enfrentar as investidas de Satanás que me que- ria em desespero. Esperar além de todas as medi- das. Rezar e perdoar. Lutar contra todo desânimo e abatimento. Aceitar o triste silêncio antes da Pás- coa!… Enfim Deus lhe enviou um Anjo em sonho. Pediu que se casasse comigo e fosse meu fiel es- poso. Entendendo o privilégio lhe confiado José abriu um belo sorriso e aceitou o honroso papel de pai adotivo.”

PEDIDO DE PERDÃO 

Maria estava pálida e olhos inchados quando José chegou. Ele havia acreditado nas palavras do Anjo e como Isabel, conheceu por Vontade Divina quem era a Virgem Maria! Seu olhar era de súplica. “Ma- ria! Quero te pedir perdão! Eu te ofendi com minha suspeita. E quem suspeita não conhece. Eu não te conhecia direito… Perdoa-me!!”

Maria plena de Amor tocou-lhe a cabeça. Parecia estar lhe absolvendo. “Eu é que te peço perdão!… Deus pediu uma obediência que me custou muito, justamente pela dor que te causou…” José tomou suas mãos e as beijou… E mais descontraído, começou a falar sobre o casamento…

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“Na semana que vem está bem? Vamos preparar tudo para a chegada do.   Mas como iremos receber um Deus em casa??…” “Alegra-te José!! Nossa casinha vai ser mais majestosa que o Palácio de Salomão! Aqui será o Céu!.. Dividiremos com Deus a Paz que mais tarde os homens irão conhecer. Ah! José! Que alegria ouvirmos o Menino- Deus nos chamar de ‘papai e mamãe!”

SUPREMA DÁDIVA

A Suprema Dádiva de ser Mãe transparecia em seu no semblante. Não conheceu a corrupção do tempo nem sua juventude murchou com o passar dos anos. Atingiu idade perfeita ao dar à luz. A mesma com que subiu ao Céu e está Eternamente em seu Corpo Glorificado!

Se no Calvário parecia envelhecida era como se um véu de dor encobrisse sua incorruptível pessoa. Po- rém, ao ver seu Jesus Ressuscitado tornou-se nova- mente belíssima, como se das chagas tivesse be- bido o elixir que anulou a ação do tempo. Assim como os Anjos todos os seres humanos serão belos quando estiverem no Eterno Presente que é Deus.

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NASCEU A LUZ

Roma dominava extensos territórios, inclusive toda a Palestina. Terra de José e Maria. O Imperador César ordenou que fizessem um Registro Geral em toda Nação. Os descendentes de Davi deveriam de se apresentar em Belém, Terra de Davi. José se in- quietou. Belém ficava a cento e quarenta quilômetros de Nazaré e teriam de atravessar a aridez de um deserto. A viagem era longa. Maria em seu úl- timo mês de gravidez não deveria se arriscar. Além de toda a aglomeração era bem possível não encontrarem hospedagem. Maria o tranquilizou.

“Se Deus permite que os animais encontrem tocas para darem suas crias, achas que não nos arru- mará um lugar para que nasça O Messias??…”

As rugas de José se suavizaram. Assim, no lombo de um burrinho, Maria viajou da Galileia à Judeia sem reclamar de nada. Nem do sol nem do frio nem do intenso cansaço. Parecia andar sobre nuvens. Já próximos a Belém, exclamou: “Acho que chegou a hora! Estou cheia de alegria que está dizendo ao meu coração: Ele está nascendo!!…” E como ha- viam previsto não acharam nenhuma acomodação. José chegou a implorar nas hospedarias, nos abri- gos e até em casas de família. Nada conseguiu.

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Um pequeno pastor ao ver a jovem grávida, ficou com muita pena. Pareciam estar exaustos e não tinham sequer um lugar para descansar. Fazia muito frio. Muito compadecido, se lembrou de uma gruta nos arredores de Belém onde animais costumavam se abrigar. Ali poderiam pelo menos se proteger na- quela noite gelada… E para lá eles foram…

O Filho de Deus iria nascer como o mais pobre dos pobres sem sequer um teto embora fosse o Criador de todas as coisas. No pobre refúgio rochoso Maria orava junto a alguns animais. Os ventos gelados castigavam. José muito cansado, logo adormeceu perto de uma pequena fogueira.

O Grandioso Momento se aproximava. Pelas frestas um raio de Luz desceu sobre Maria como se uma auréola pousasse sobre ela. Ao olhar para cima seu rosto foi transfigurado. O som dos clarins anunciava:

O MAJESTOSO ACONTECIMENTO

A Luz foi crescendo, crescendo mais e mais. Toda Parecia que toda Luz do Céu começou a emanar de seu corpo. A Luz Beatífica, Eterna e Divina que se- ria dada ao Mundo inteiro!

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A Gruta foi sendo purificada. Tornou-se um Salão Real! As paredes brilhavam como ouro. O chão tornou-se um cristal iluminado. O Filho de Deus ja- mais poderia nascer num lugar impuro. Toda Sua Glória preencheu o lugar de Majestade.

O corpo de Maria foi sendo envolvido por um Véu abrasador e por fim desapareceu nele. Ao sair já era Mãe! O Esplendor envolvia o Espírito Purís- simo bem longe das riquezas do mundo. José se aproximou dominado por profundo sentimento de reverência. “Pega-O José!” Ele porém não se sen- tia digno. Afinal apertou-O ao coração e numa ex- plosão de choro, clamou: “Oh! Meu Deus!!”

Em seguida ajeitou a palha na manjedoura. Cobriu- a com o manto de Maria e o berço do SALVADOR estava pronto! O doce Bebezinho, a quem todos os Anjos cantavam e louvavam, acalmou o choro e dormiu seu primeiro soninho nesta Terra.

Nada faltava ao doce Bebezinho a quem todos os Anjos do Céu louvavam. Com o carinho dos pais e dos animais que O saudavam como o Senhor do Universo, recebia com gratidão as humildes Boas Vindas!…

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OS PASTORES

Um forte clarão despertou alguns pastores. O menor gritou: “É um Anjo! Ajoelhemos!” O belo Anjo pairando no ar, disse: “Eu vos anuncio uma grande alegria aos Povos da Terra. Hoje na cidade de Davi nasceu o Salvador: CRISTO JESUS! Vós en- contrareis um Menino envolto em faixas numa es- trebaria porque na cidade não houve nenhum teto para receber o Messias.” Nessa hora milhares de Anjos surgiram cantando: “Glória a Deus nas al- turas e Paz na Terra aos homens de boa vontade!”

O pequeno Levi lembrou da jovem grávida. “Eu até lhe dei uma vasilha de leite…É tão jovem e bela! Parece uma menina com rosto de jasmim ilu- minado pela lua! Eles devem ser pobres e estar com fome.” Juntaram tudo o que tinham: ovos, queijo, umas peles curtidas e até uma ovelhinha que amamentava. E se perguntavam:

“Mas como o Salvador pode nascer num lugar assim?…”

Chegando lá não tiveram coragem de entrar. Mas Levi, o primeiro a ver o Anjo e chamado de doido, não vacilou. Foi à frente e ficou extasiado:

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“Vejo a jovem debruçada sobre a manjedoura e a Criança chora. Ouço ela cantando: ‘Jesus peque- nino!… Amor da tua mamãe!… Que dor ver-Te chorar. Ah! Se eu tivesse leite… Mas ainda não tenho!”

José os viu: “Quem sois?…” “Somos pastores. Vi- emos trazer alimentos e adorar o Senhor! Foi o Anjo quem nos avisou.” Maria reconheceu Levi e os convidou a entrar. Trouxe o pequeno para mais perto e disse: “Este é o Filho de Deus!”

O Pequeno Jesus chorava de fome e frio… E o pastor mais corajoso ofereceu. “Toma mãe! Esta pele de ovelhinha seria para meu filho que está para nascer. É limpinha. Envolve o Teu Filho!” Ofereceram também leite tirado na hora. Com a ponta de seu manto Maria molhou Seus lábios com espuma quentinha e o Bebezinho sugando daquela doçura adormeceu na hora.

Os pastores estavam realmente preocupados. “Não podeis ficar aqui! Amanhã falaremos com nossa patroa. Ela é boa. Está com a casa cheia mas vai vos acolher. Coragem mãe! Nada vos faltará. Somos pobres, mas tomai o que a nossa pobreza pode vos oferecer…” José respondeu: “Também somos pobres. Não poderemos vos pagar.” “Ah! O Senhor já nos pagou! Sabemos que Ele será o Príncipe da Paz e deve ser adorado…”

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“E tu Mãe, que geraste o Filho de Deus és Santa! Dá-nos as tuas ordens. O que podemos fazer por ti?” “Amai meu Filho!!… e senti no coração sempre o que sentis agora!” “Mas e para ti, o que de- sejas? Não tens parentes?” “Sim. Isabel e Zacarias mas moram em Hebron.” “Nós iremos assim que soubermos que estais bem alojados.”

Depois cada um disse o seu nome: Elias, Levi, Samuel, Jonas, Isaque, Tobias, Jônatas, Daniel, Si- meão, João, José e o irmão gêmeo, Benjamim… Doze no total. Com idades diferentes, sendo a maioria bem jovens.

Ao se despedirem, Levi pediu para beijar a roupinha Dele. Maria sorriu. Ergueu o Pequenino para beijarem os Seus pezinhos. Muitos choraram toca- dos pela enorme Graça. Saíram ardentes de Amor deixando ali seus corações inflamados. Foram os primeiros Adoradores do Corpo de Jesus e muito nos ensinam. Tiveram fé, generosidade, humil- dade, desejo de ajudar e muito Amor.

(JESUS RESSALTA)

“Observa a quem o Anjo se revelou primeiro e quem mereceu os afagos de Maria: Levi. O de alma de criança que teve a coragem de pedir: ‘Deixa- me beijar..’ É sempre Maria quem vos dá Jesus!…”

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PRIMEIRAS DORES

A Sagrada Família afinal foi acolhida pela bondosa patroa dos pastores: Ana. Porém antes sofreram muito naquela gruta. A aflição maior era que os ventos gelados pudessem prejudicar o Recém-nascido. Faltava-lhes uma casa, um quarto aquecido, uma cama, roupinhas secas… Ah! Jesus pequenino sofreu e chorou.

Zacarias foi visitá-los e Isabel não podendo ir, enviou pacotes com roupas e alimentos. Algo providencial à pobreza em que se encontravam. Maria gostaria muito de rever João e agradecer Isabel pessoalmente mas logo iriam voltar para Nazaré. Tudo os aguardava lá. O berço, as roupinhas e todas as suas coisinhas do Pequeno Deus.

No entanto Zacarias foi severo. Disse que Jesus te- ria de viver na Judeia e ser educado no Templo. Ficaria feliz em poder ser seu Mestre. “Se Ele tiver um bom sacerdote orientador será mais fácil ser aceito na Judéia!” José tinha trabalhado duro nas reformas. Aumentou o quarto de Maria para caber o berço e mais tarde a cama de Jesus que ficaria com ela até a adolescência. Tentaram argumentar de todas as formas.

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Mas Zacarias não cedeu. Disse que assim teria de ser. Jesus adulto seria aclamado Rei dos Judeus e seu lugar só poderia ser em Jerusalém. Maria chorava baixinho. O bom José não teria mais seus clientes e teria de começar tudo do zero… Como Mãe ela poderia ter argumentado e até se negado. Mas preferiu obedecer respeitando a dignidade do seu sacerdócio.

(MARIA CONTA)

“José não tinha outra ajuda a não ser sua Santidade. Eu tinha todos os dons por ser a Imaculada. Oh! Meu santo esposo! Santo em todas as coisas, inclusive neste acontecimento. Acaso Jesus precisava de mestre? Zacarias era sacerdote. Mas José é quem tinha o espírito no Céu… José era Santo! Santo na Castidade, na Honestidade, na Serenidade, Paciência e na Modéstia em tudo…”

“Obedeceu, mesmo vendo toda a minha tristeza.. A Obediência salva sempre. Mesmo se o conselho não é perfeito… Pouco depois Herodes mandou matar todos bebês de Belém e arredores o que permitiu que deixássemos a cidade para sempre sem o risco de termos de cruzar toda a Palestina… Fugimos para o Egito…”

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ESPADA DE DOR

Na cerimônia de Circuncisão, marca de todos os meninos de Israel, o Filho de Deus recebeu o nome de Jesus! Simeão apesar de quase cego ao vê-los entrando pressentiu que o Menino era o Messias. Aproximou-se e num gesto de pura emoção elevou-O ao Céu e agradeceu a Deus por tê-lo mantido vivo até conhecer o Rei de Israel.

Simeão também não era sacerdote. Era um simples fiel a quem a Verdade fora revelada. Os sacerdotes não foram capazes de identificar o Menino-Deus. Ele porém, recebeu a Luz do Espírito Santo. Com Ele os homens saberiam o que é preciso saber… Com Ele Maria soube tudo. Com Ele Simeão alcançou a Graça de ver o que eles não viram: O Messias!

E não poderia deixar de revelar à jovem Mãe: “Este Menino será causa de muitas contradições e o teu pobre coração será traspassado por uma Espada de dor!” O sorriso de Maria desapareceu. Sabia que o coração do Filho seria ferido de morte e que unidos estariam no Martírio do Calvário. Percebendo sua dor a antiga mestra Ana lhe disse: “O Senhor te dará um coração de ouro puríssimo para que possas resistir ao mar de dores que te tornará a Maior Mulher de toda a Criação: A MÃE!!”

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REIS MAGOS

Três poderosos reis, sábios e astrólogos, notaram que uma estrela desconhecida havia surgido no céu. Sua intensidade era diferente. Nunca tinham visto nada parecido. Através dos cálculos e estudos concluíram que algo Extraordinário havia acontecido. Tiveram fé. Acreditaram no Sinal da Nova Estrela e na voz interior que anunciava: “Essa Es- trela assinala a chegada do Messias!”

O Espírito de Deus não iria enganá-los uma vez que não buscavam recompensas pessoais. Cada um saiu de seu país com o sincero desejo de honrar e louvar a Segunda Pessoa Divina que se fez Carne para Salvar do Mundo.

Partiram ao encontro da aridez do deserto, das fa- digas e das despesas. Pediam apenas que Deus os protegesse na longa jornada… E um raio de intensa Luz vindo da Estrela os orientou até o destino.

Depois de milhares de quilômetros as três caravanas se encontraram num mesmo ponto. E como por milagre se entenderam numa mesma língua que se fala no Paraíso: A língua de Deus!

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Conforme as Profecias o Messias seria Rei de Israel e portanto, foram direto a Jerusalém saber de Herodes onde era o palácio do aguardado Rei. Imediatamente a estrela desapareceu. Herodes nada sa- bia. Mandou chamar os Mestres do Templo que afirmaram que o Messias deveria nascer em Belém.

Herodes ficou furioso. Não poderia haver um outro rei além dele. Na verdade Herodes precisava matá-Lo antes que o Império Romano fosse ameaçado com um novo ‘Rei’. Ordenou que voltassem com informações para ir louva-Lo também. Obedientes às Vozes do Espírito Santo os Magos porém não voltaram a Jerusalém.

A Estrela voltou e os levou até uma pequena casa. Todos da cidade dormiam. Porém, aquela pobre casinha resplandecia de luz. Nenhum Palácio Real jamais teve ou terá uma escada como aquela, feita para ser passagem à Mãe de Deus, que um dia iria pousar seus pequenos pés no Trono de Deus!!

A enorme caravana entrou pela rua principal com os dromedários e camelos carregados de cargas. A Luz da Estrela ressaltava esplendor da realeza. Com suas vestes riquíssimas, turbantes e mantos de seda se aproximaram da casa. Prostraram-se por terra ainda na Praça e veneraram o Senhor.

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Ao amanhecer os moradores foram avisados e com as vestes ainda mais luxuosas, subiram as escadas. Maria toda de branco com Jesus no colo e José ao lado, convidou-os a entrar. Os reis com seus servos levavam os presentes se ajoelharam em reverência. Contemplaram Jesus-Menino esperto e sorridente com quase um ano.

O REI dos reis não falava ainda. Ele que era a Palavra do Pai. Com olhar curioso balbuciou alguma coisa deixando aparecer seus primeiros dentinhos. Os Magos contaram como tudo havia acontecido e lhes deram os presentes.

“Mãe! Eis o Ouro como convém a um Rei. Incenso, como convém a um Deus. E Mirra, pois teu Filho, além de Deus é Homem e conhecerá a inevitável Morte. Ó Mãe! Teu Filho é o Salvador, o Cristo de Deus. Para nos salvar deve tomar sobre Si todo o Mal inclusive a Morte. Que com os presentes Ele possa se lembrar de nós e salve seus humildes ser- vos em Seu Reino.”

Depois da forte emoção que sentiu Maria colocou Jesus nos braços do mais velho, que O beijou e foi por Ele acariciado. Depois passou aos outros. Já de partida tinham lágrimas nos olhos. Maria e José os levaram até a porta. O Menino deu a mãozinha ao mais velho e deu seus primeiros passinhos.

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Antes de descerem, Maria conduziu Sua mão e traçou um gesto de benção em cada um. Era o Sinal da Cruz traçado pelos Ele mas guiados pelas mãos da Mãe.

(JESUS COMENTA)

“Neste episódio há grandes Ensinamentos. Os Magos não tinham nenhuma confirmação. Tiveram fé na Ciência, nas Inspirações e na Bondade Divina. E obtiveram o êxito. Eram humildes pois verdadeiramente grandes tanto nas Virtudes, na Ciência e em último na riqueza.”

“Julgavam-se um nada diante de Deus Altíssimo que tudo criou e lhes permitiu ser o que eram e possuíam. Diante da humilde casinha dobraram os joelhos e O adoraram. Sabiam que por trás daquelas paredes estava O Deus que sempre invocaram.”

“Outro Ensinamento foi a dignidade com que vive- ram aquele momento. Se nos ricos Palácios os con- vivas se vestem com grande pompa como não vestir as mais luxuosas vestes numa Festa que Maior não existe. Vestiram-se com o que tinham de mais majestoso, não por ostentação. Mas para poderem prestar as devidas honras ao Rei Supremo.”

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“Foram submissos às Vozes do Espírito Santo levando presentes ao Menino: Ouro, que lhes serviu de sustento no Egito. Mirra, para preparar o corpo antes do sepultamento. E Incenso a quem teria de sentir ranço ao redor de sua Infinita Pureza.”

“Outro Ensinamento precioso foi a postura de José que não se importou em ser uma figura secundária em seu modesto lugar pois quem recebia as honras eram Maria e o Menino. Sentiu-se feliz pelos presentes. Não por si, mas em poder fazer a vida dos seus dois amores mais cômoda…”

“Ele, o Tutor do Filho de Deus e da Mãe de Deus, chegou a segurar com humildade os estribos dos ‘simples’ servos de Deus. As fumaças da festa não lhe subiram à cabeça. Era um simples trabalhador e continuou sendo. Por ser da estirpe de Davi foi usurpado, mas tinha traços de rei. Por isso a ele também vale dizer: “Era humilde porque verdadeiramente Grande!”

“O último e suave Ensinamento nos fala de Maria. É ela quem segura e guia Minha Mão. Ainda hoje. Ela é Minha Rainha antes de ser vossa. Mesmo sem palavras, ela vos defende ao dizer: “Tu és o Salva- dor! Salva Filho!!”

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FUGA PARA O EGITO

Com os rumores de que a Criança era o Rei de Is- rael, Herodes num ato alucinado ordenou que todas as crianças de Belém e arredores menores de dois anos, fossem mortas. Mas todo seu ódio lhe custou bem caro. Tempos depois morreu de forma brutal no mesmo dia do Massacre.

Estando ainda hospedados em casa de Ana e José foi avisado em sonho: “Levanta! Pega o Menino e Sua Mãe e foge para o Egito!!..” Pela segunda vez teriam de recomeçar tudo de novo num país estra- nho onde eram considerados fugitivos pelos de- mais. A Vontade de Deus lhes provava duramente no corpo e no espírito. Houve necessidade de desapego, sacrifício e coragem para lutarem em situações de grande humilhação.

VIRGINDADE DE MARIA

Muitos não admitem a Virgindade de Maria. Mentes incapazes de pensar de forma Sobrenatural. Pois a estes Jesus deixa claro: “Maria foi e permaneceu Virgem antes e depois do parto.” Mateus trouxe a Verdade em seu Evangelho. Ele não disse: “Levanta, pega tua mulher e foge para o Egito!…”

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A casinha no Egito era pobre e longe de qualquer estrutura familiar com um clima árido, idioma es- tranho e costumes bem diferentes. Um triste lugar comparado aos doces campos da Galileia. Mesmo que não faltasse dinheiro havia sobriedade. Plan- tava-se, colhia-se, fiava-se. Prosperava o afeto, a estima e o respeito mútuo num ambiente de Pureza e harmonia. Amavam-se Santamente.

Naquela casa reinava a humildade. Maria, a Mãe de Deus, servia seu esposo e o Filho de Deus! Amavam-se Santamente. Um Amor perfeito que em tudo bendiziam a Deus. Jesus crescia como uma flor entre duas árvores vigorosas. Não teve saudade do Paraíso. O Pai e o Espírito Santo estavam presentes em Maria! Com a dedicação de verdadeira mãe José foi um pai muito amado por Deus Pai e por Deus Filho!

INFÂNCIA DE JESUS

Após quatro anos José teve outro aviso em sonho. Herodes havia morrido. E com alegria retornaram ao país amado… Porém tiveram de enfrentar o desgosto de ver a casinha em total ruínas. Vândalos haviam saqueado tudo. Deus preservou apenas as paredes, pois foi ali que o Espírito Santo se uniu à sua Esposa.

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Aos cinco anos Jesus já fazia pequenos vales, bosques e lagos no fundo da horta. Tentava construir um lago com uma vasilha velha mas nada conseguiu a não ser ficar todo molhado. A água vazava pelos furos e seu lago continuava vazio. Vendo seu esforço José propôs construírem juntos um tanquinho de madeira bem calafetado.

(JESUS SE RECORDA)

“Eu jamais me esqueci das horas passadas na oficina fumacenta ao lado de José e do sorriso da minha Mãe, capaz de transformar o lugar em ouro só para nos fazer felizes. Os Anjos moravam ali. E posso dizer que um deles era José de alma Angélica ocupada em servir a Deus, amando-O como amam os Serafins. Ah! O olhar de José!… Plácido e puro como uma estrela que não conheceu coisas mundanas. Muitos acham que Eu não sofri com a sua morte. Como Deus, sabia a feliz sorte que o esperava, mas como Homem chorei sobre ele em seu leito de morte. Chorei sim, sobre este Santo homem em cujo colo recebi tanto Amor. Tornou-Me um hábil operário valendo-se do meu Amor por Maria, estimulou-Me a lhe fazer pequenos utensílios. Uma poderosa alavanca em que se apoiou para Me tornar um carpinteiro na arte do ofício.”

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TEATRO DE JESUS

Embaixo das árvores do pomar-jardim Jesus gostava de encenar peças de teatro sobre o Antigo Testamento. Certo dia com os primos Tiago e Judas, filhos do tio Alfeu, brincavam com seus carrinhos. De repente alguém propôs representarem o Êxodo pelo deserto já próximos à Terra Prometida. Jesus seria Moisés; Tiago seria Arão e Judas seria Josué. No entanto surgiu uma dúvida. Será que depois de 40 anos eles ainda teriam carros??… Foram perguntar para Maria. “Sim Filho! Tinham carros para le- var os mais fracos e as provisões. Mas a Arca Sagrada era levada pelas mãos de quatro servos…”

Numa mureta Jesus recordou as Leis, nomeou Josué seu sucessor e reafirmou as Promessas de Deus. Despediu-se de seus amigos, abençoou o povo, es- tendeu-se na grama e morreu… Maria ao vê-Lo deitado e rígido, gritou: “Jesus!! Jesus!! Levanta Meu Filho!! Mamãe não quer te ver morto!!…” Jesus entendeu… e foi beijá-la prontamente.

A chegada dos tios Alfeu e Maria foi uma surpresa. Traziam a encomenda de José. Um carneirinho de poucos dias para Jesus. Ele soltou um ‘Oh!’ e correu para agradecer.

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A conversa foi sobre os estudos que iriam começar. Maria foi taxativa: “Jesus não irá à escola!” Susto enorme. “Como?? Seria o único em todo Israel!” exclamou Alfeu. José saiu em defesa. “Maria foi educada no Templo e é doutora no conhecimento das Leis. Também sei dar bons exemplos. Fica tranquilo meu irmão. Jesus crescerá reto e forte no corpo e no espírito!”

Por fim Maria de Alfeu pediu que Maria fosse a Mestra também dos seus filhos. E ela passou a ser a Mestra inigualável de Judas, Tiago e Jesus. Eis porque se amavam como irmãos. Não apenas pelo parentesco, mas por terem crescido juntos e sustentados por uma só haste: Maria!! A Sede da Sabedoria que os instruiu para o mundo e para o Céu.

“O que achas de estudarem juntos Jesus?” perguntou a tia. “Felizes os que escutam Minha Mãe!!… Como acontece com a Sabedoria, feliz quem é amigo dela e a ama. Serei feliz se todos a conhece- rem e a amarem!…”

MAIORIDADE

Jesus crescia e se tornava um belo rapazinho. Aos doze anos mais parecia irmão de Maria. Seu olhar de menino era brilhante, doce e expressivo.

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Com o tempo suas pálpebras desceram para amenizar o Mal que tanto O agredia. A morte e o pecado estariam cada vez mais presentes e com eles o conhecimento da inutilidade de Seu Sacrifício.

Chegou o momento de se apresentar aos Mestres do Templo. Esbanjando segurança e Sabedoria Je- sus despertou a atenção dos Mestres. Tinha uma firmeza diferente no olhar, sem arrogância, mas sem medo algum.

“Sabes ler, Nazareno?” “Não só palavras como o seu significado oculto.” Com desprezo por ser da Galileia, mandaram que lesse três rolos das Escrituras. Após algumas frases os tiraram. “Agora continua de cor!”

Jesus continuou como se estivesse lendo. O Jovem- Jesus era repleto de Sabedoria. Nem perguntas cheias de ciladas ou a exaustiva recitação dos Seis- centos e treze Preceitos foram capazes de perturbar o seu desempenho. Concluíram que devia ser encaminhado aos dois maiores Mestres da época. Gamaliel e Hilel. Mas Jesus não precisava de Mestre. O Espírito de Deus estava Nele.

Encerraram o exame. Foram lhe cortar o cabelo e orná-Lo com aparatos típicos. Cantaram Salmos e estava decretada Sua Maioridade.

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José muito feliz louvava a Deus por aquele momento. Comprou o cordeiro para a oferenda e saíram ao encontro das mulheres. Maria beijou Seu Jesus comovida. Parecia que não O via há anos…

De volta a Nazaré, quando a fila dos homens e mulheres se juntaram, Maria percebeu que Jesus não estava com José. Sua dor era visível. Os olhos alar- gados transmitiam seu sofrimento. Depois de um dia inteiro de viagem não sentia mais cansaço nem fome… Largou tudo e voltou tarde da noite a Jerusalém indagando a todos se tinham visto Seu Me- nino Jesus.

DIAS DE AGONIA

Deus permitiu que durante horas ela não O encontrasse. Percorreu pátios e saguões sem se cansar e até o balido dos carneiros lhe parecia o choro de Seu Menino. Mas Jesus não chorava. O sábio Me- nino ensinava entre os grandes Mestres.

A Virgem da Prudência dessa vez foi vencida. Sua emoção explodiu como um dique que transborda. Correu aflita até Ele: “Por que nos fizeste isso, Filho!?…” Em sua aflição não se lembrou que aos Chamados de Deus não se deve perguntar por quê.

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Acima de pai e mãe está a Voz de Deus que supera qualquer afeto familiar. Jesus a fez lembrar disso e Maria passou a guardar tudo em seu coração… A Paz voltou quando O segurou pelas mãos e voltaram para casa. Muito sol e nuvens passariam pelo céu durante os vinte e um anos que Jesus ainda es- teve na Terra. Alegria e pranto iriam se alternar no coração dessa Mãe que nunca mais iria perguntar: “Por que Filho??…”

PALAVRAS ETERNAS

Naqueles três dias Jesus presenciou uma acirrada discussão entre os Mestres. Discutiam sobre a Chegada do Messias. O grupo de Hilel e Gamaliel discordava do grupo de Shamai. Afirmavam que já havia nascido. Jesus se aproximava. “Gamaliel está certíssimo!” “Quem és tu?”

“Sou Jesus de Nazaré!” Shamai deu risada. “De lá não sai nada de bom!!” Mas Gamaliel pediu para escutá-Lo. “Em verdade vos digo que Cristo vive e está entre vós. Quando chegar a hora Ele se manifestará com Poder!” “Quem te instruiu, garoto?” “O Espírito de Deus fala pelos Meus lábios.” E prosseguiu discursando com toda autoridade.

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Shamai O interrompeu: “Não podes falar assim di- ante de um mestre!” “Assim falarei até a Morte! Acima do que Me é conveniente está a Vontade do Senhor e o Amor à Verdade da qual Eu Sou Filho!”

“Não blasfemes garoto!!! Este Nazareno é de Sa- tanás!!” Gamalieu discordou: “Não!! Este jovem é um Profeta de Deus! Fica comigo rapaz… Posso Te transmitir tudo que aprendi para que sejas um Mestre do Povo!” Jesus com olhar penetrante, res- pondeu: “Quando for a hora falarei a Jerusalém com os lábios e com Meu Sangue! Aguardai Meu Sinal! Estas pedras tremerão com Minhas Últimas Palavras!”

ANOS DEPOIS

Jesus e Sua Mãe acompanhavam José em seu leito de morte. “Obrigado meu pai, por Mim e por Minha Mãe. Foste justo e Deus te colocou como guarda de seu Cristo e de sua Arca. Vai na frente dizer aos Patriarcas que a Salvação está no mundo e que o Céu logo será aberto. Vai Meu pai! Que Minha Benção te acompanhe…” E juntos foram recitando Salmos para acalmar seu coração. Quando afinal seu fim chegou, Jesus o atraiu contra Si numa cena cheia de Paz.

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O último suspiro foi exalado. Mãe e Filho se abraçaram e se confortaram chorando comovidos.

(JESUS REVELA)

“Minha Mãe sofreu profundamente. Santamente, porque tudo Nela era Santo… Amava o seu José a quem dedicou trinta anos de sua juventude. Ele foi pai, esposo, irmão, amigo e protetor. A coluna mestra da Sagrada Família sobre a qual nós nos apoi- amos. Este foi o primeiro golpe na família. Logo seria Eu a deixa-la. A Vontade do Pai que a quis como Esposa e Mãe, agora lhe impunha a viuvez. Através do sofrimento repetiu o seu Sim inúmeras vezes…”

“Maria disse Sim no Templo quando levada ao casamento. Em Nazaré quando chamada à Maternidade. Na solidão da viuvez. Na separação do Filho… e no Calvário diante da tortura de Me ver morrer. Aprendei a merecer a presença de Jesus na vossa agonia, mesmo se não tiverdes merecido. Ousai chamar-Me. Virei com o coração cheio de perdão, de Amor e palavras de absolvição. A Morte perde sua aspereza se acontece em Meus Braços. Não posso abolir a Morte, mas posso torná-la mais suave a quem morre confiando em Mim…”

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“A Bíblia não traz detalhes de nossa vida familiar. Apenas de Jesus Mestre. Aqui mostramos quem foi na verdade Jesus-Homem, o Deus que se humilhou por Amor aos homens e deu Sua vida até o fim…”

ADEUS MAMÃE

Jesus se preparava para partir. Era visível o sofri- mento da Mãe olhando-O em adoração. Olhos de quem já havia chorado muitas lágrimas. Jesus tentando disfarçar tomou sua frágil mãozinha e passou em seu rosto. Por um momento pôde sentir a carícia daquela mãozinha trêmula. Era Sua Mãe! Sua doce e inigualável Mãe que de cabeça baixa chorava contrita. Na verdade parecia uma menina desconsolada…

“Mãe. É preciso cumprir Minha Missão. Esta hora tinha que acontecer. Tudo começou aqui quando o Anjo te apareceu. Temos que seguir em frente. De- pois virá a Paz a nós dois. Mas primeiro temos de passar pelo deserto para entrarmos na Terra Prometida…”

E a abraçou mais forte. “Mãe. Meu Amor jamais Te faltará. Virei sempre que puder e quando estiver perto mandarei Te pegar…. Mãe! Chegou a hora!

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Depois virá a Paz. Confia… Agora vem Comigo rezar o Pai Nosso…” E devagar rezou frisando as frases:

“Venha a nós o Vosso Reino… Seja feita a Vossa Vontade…”

Jesus vestiu o manto com a ajuda da Mãe, pendurou a mochila no ombro, única coisa que levou, e se dirigiram à porta. Pela última vez se beijaram. Caminhando pela rua silenciosa Jesus virou-se duas vezes para ver a mãe em seu pranto silencioso. Era a Santíssima Virgem! Mas era também uma Mãe que se separava do Filho sabendo o seu fim: O Calvário! Ela também iniciava o seu caminho… até chegar lá.

(JESUS FALA )

“Esta foi a quarta dor de Minha Mãe. A primeira foi diante Simeão; a segunda a fuga para o Egito; a terceira foi na morte de José; e a quarta foi Minha separação. Parentes tornaram-se hostis acusando-Me de rebeldia e de ser um sonhador…”

“Criticavam-na por não se impor como mãe e por parecer estar em constante adoração diante do Filho. Na solidão de sua casa chorou a Minha falta. Chorou porque é Co-Redentora e Mãe do gênero humano renascido para Deus…”

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“Chorou por todas as mães e por todos os destina- dos a serem servos de Deus… Chorou por todos vós e continua a chorar lágrimas que misturadas ao Meu Sangue anulam vossas faltas. Santo Pranto de Maria!… Viveu num mundo que não a conheceu, não a compreendeu nem a Amou como deveria…”

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INÍCIO DA MISSÃO

“O Nome dele é João!” disse Zacarias quando João Batista nasceu. Sabia que sua Missão era anunciar a chegada de Jesus, assim como Maria em Sua Volta. Vivia no deserto. Considerado um profeta, realçava a urgência de uma mudança de vida através do arrependimento e da Purificação pelo Batismo.

Certo dia Jesus se aproximou sem fazer barulho. Vinha para ser batizado como qualquer outro. Nada o distinguia… Porém na aparência e na beleza física havia algo de especial! João O reconheceu e correu até Ele.

O doce olhar de Jesus penetrou em João. Era a antítese um do outro. Jesus loiro, cabelo cumprido, pele de marfim, vestes simples, mas majestosas; e João semi nu, moreno, pele curtida e face encovada pelos jejuns. E não hesitou em gritar: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do Mundo!!”

Cordeiro de até um ano era a mais pura vítima a ser oferecida em Sacrifício. Portanto Jesus seria a mais Perfeita Vítima a se doar pela Humanidade. Jesus era verdadeiramente o Cordeiro de Deus! Cordeiro na Pureza, na Modéstia e na Mansidão.

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Naquele exato momento o Espírito de Deus simbo- lizado pela Pomba pousou sobre Ele e anunciou:

“Eis Meu Filho muito amado
em quem coloco toda a Minha afeição!”

(JESUS EXPLICA)

“Eu não precisava de nenhum Batismo assim como João não precisava de nenhum Sinal Divino. Ele foi pré Santificado no ventre de sua mãe e possuía a Inteligência Sobrenatural. Se os homens tivessem permanecido na Graça, todos teriam reconhecido Minha Divindade. O mesmo Espírito que fez de Maria a Mãe do Salvador, começou a Obra por João, o Predestinado a estar unido a Mim.”

“Nós fomos os Lábios Benditos que formaram a Palavra. João foi os Lábios. Eu a Palavra. Ele foi o Precursor no destino de Mártir. Eu aperfeiçoei tanto a Palavra como o Martírio. O PAI preparou o momento de nos aproximar para que dos Céus descesse a Pomba sobre Aquele que passaria a batizar com a mesma POMBA. Ou seja: O Espírito de Deus!”

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TENTAÇÃO NO DESETO

Jesus seguiu para o deserto jejuar e rezar por qua- renta dias. Já bastante fragilizado foi abordado por um estranho de vestes escuras. Era Satanás que veio Lhe fazer propostas indecentes e conseguir ser adorado como um deus.

“Ah! Então és Tu mesmo! Há tempos te procuro!! Estás rezando a Deus? Ele está longe!… Quem manda neste Mundo sou eu!.. Tenho pena de Ti!! … Os homens vão Te odiar por Tua Bondade. Só vão Te ouvir se falares de dinheiro, comida e prazeres.”

Satanás chegou mais perto com sorriso de serpente. “Sou a sabedoria desta Terra!! Posso Te ensinar alguns truques. Primeiro é seduzir; depois fazemos o que queremos! Tu és jovem. Começa pela mulher. Para ser atraída ela precisa de brilho. Ouro e poder! As duas faces desse espelho que atrai e mata!”

Satanás parou. “Mas sou um idiota Te falando de mulher. Estás faminto. Transforma então estas pe- dras em pão e mata a tua fome!…”

“Cala-te Satanás!

Nem só de pão vive o homem!…”

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“Ah! Não precisas de pão, não é?… Então vem ver como está a Casa de Deus! Tu desces lá do alto cercado de Anjos para que todos Te vejam.”

“Sai maldito!!

Não tentarás o Senhor Teu Deus!”

Satanás insistiu. “Sabes que o Templo não deixaria de ser lugar de corrupção e comércio!! Víboras se matando para manterem os seus cargos! Se te pros- trares diante de mim Te darei todos os reinos, ri- quezas e o poder que quiseres!!! …”

Satanás queria ser adorado de qualquer maneira. “Tira-me essa sede de ser adorado!! Deixa-me sentir o que é ser DEUS!! Um minuto só!… E eu te deixarei em Paz!” Chegou a se ajoelhar tal o seu desespero. Jesus levantou-se com autoridade e gritou pelo penhasco:

“Vai-te embora Satanás!”

“Pois está escrito: ‘Adorarás o Senhor Teu DEUS e somente a ELE servirás!!’

Satanás sumiu soltando gritos de Maldição. Em seguida Anjos vieram ajudar o Filho de Deus que havia experimentado todo tipo de tentação humana.

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VINDE E VEDE!

De volta ao Jordão, Jesus ouviu: “Ó Cordeiro de Deus!!” Era João, um garoto de rosto saudável em seus dezesseis anos.

“Quem és?” “Sou João! E este é Tiago, meu irmão… Somos da Galileia… Éramos discípulos de João Batista. Ele viu o Sinal da Pomba pousar sobre Ti e ouviu as palavras que Te foram ditas… Porém, ontem o filho de Herodes mandou prendê-lo e não temos a quem seguir…”

“O que procurais?” “Seguir-Te, Mestre!” “Eu não tenho riquezas ou privilégios. Sou pobre e serei perseguido. Minha Doutrina é ainda mais severa que a de João. Quereis isso?” “Sim!” “Então vinde e vede!…”

João reconheceu Jesus porque tinha a alma pura. O Valor da Pureza é tão grande que até o demônio tentou Jesus. Ele sabe que a sensualidade emporca- lha a alma e o mundo debocha dos puros que amam a Deus. Jesus amou João por sua Pureza e a ele confiou seus Segredos e a Criatura que mais amou nesta vida: Maria Santíssima!

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João também sentiu esse Amor de imediato. Quem quer conhecer as Coisas de Deus quando encontra um Verdadeiro Mestre não hesita!… João não hesitou. Foram conversando a noite inteira… Chegaram a Cafarnaum às margens do Lago Genesaré, conhecido como Mar da Galileia!

João correu contar aos amigos de pesca que atracavam. Arrancou o manto e se jogou no mar. Mas todo seu entusiasmo não surtiu efeito. Pedro balançando a cabeça deu risada.

“Ora essa garoto!! O Messias!! Qualquer um pode dizer o que quiser para enganar os bobos.!!” “Não fala assim Pedro!! Ele é o Messias! Tenho certeza! João Batista falava coisas santas. Ele fala como Deus!

“Ha! Ha!. Acha que Ele iria se mostrar a vós???” “Sabe o que Ele nos disse?… ‘O mundo não Me amará! Mas existem muitos que gostariam de ser melhores… Vim para dar Força a estes, que crendo em Mim, terão coragem de Me seguir…” Pedro de- pois de caçoar bastante, decidiu.

“É melhor irmos ver do que se trata!.. Mas onde Ele mora? Do que vive?? Ele é pobre??” “Sim! Seria bom Lhe levar alguns peixes. Não aceitou dinheiro e ainda nos disse:

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‘Quero algo que poucos têm. Fé, Caridade, Boa vontade, Sinceridade, e Espírito de sacrifício. Isto que desejo de quem Me segue…”

“Ah! Isso confirma que é o Messias!.. Sabe convi- ver com os pobres e não pede dinheiro!! Vamos para sabermos mais. ”

(JESUS REVELA)

“Este era João! O primeiro a Me amar! João não era apenas puro, amoroso, fiel… Era humilde!…

Foi responsável pela vinda de Pedro e se calou sobre isso. João foi o primeiro a reconhecer-Me, a falar Comigo, a pregar sobre Mim.. Mas em seu Evangelho colocou André em seu lugar, pois sabia o quanto ele sofria por ser fechado e tímido. Quis que ele aparecesse como o primeiro junto a Pedro.”

“Era Meu predileto, sim. Podia Me espelhar nele e ver as Minhas Virtudes. O olhar do Pai o reconhecia como um pequeno Cristo.

E Minha Mãe dizia: “Sinto ter um segundo filho nele. Os corações de João e Maria se fundiram antes que Eu a desse como Mãe. Amavam-se e se re- conheciam como filhos do Pai e irmãos do Filho.”

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PRANTO EM ISRAEL

Na Sinagoga Jesus foi convidado a fazer a leitura. Depois disse: “Muito pranto desce sobre o Povo de Deus! Choram ao lembrar as glórias perdidas. Mas a glória desse mundo é nada!… Não basta Israel ter um Templo lindo e se orgulhar disso. O mais belo Templo está no coração de cada um onde a Oração deve ser feita. E como rezar sem corrigir os erros, as revanches, o jeito de tratar os pobres, os servos, os parentes e a Deus…

“Vós chorais porque vossas bolsas se esvaziaram com a posse de Roma. Mas derramais o sangue de todos aqueles que odiais, e pior, sem o menor re- morso! O Tempo da Salvação chegou!

Pedro e André ficaram encantados com tudo que ouviram. E olhando a Pedro, disse: “É preciso aprender a não julgar antes de conhecer ” Falou

com afeto e Pedro concordou. A partir daí passou a respeitá-Lo como o Enviado, convidando-O a ir à sua casa em Betsaida. Foi lá que encontrou Felipe e Bartolomeu, depois pregou ao povo: “Quereis saber o que é preciso para ser Meu discípulo? Basta seguir os Dez Mandamentos que jamais se- rão alterados. Levai à perfeição o Amor a Deus e aos irmãos, bem como os inimigos.”

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Naquela noite Jesus recebeu a visita de Judas Ta- deu, filho do tio Alfeu. Trazia um recado de Maria sobre as Bodas de Susana, sua prima, mas também críticas da família por ter abandonado Maria.

“Minha Mãe teria o direito de exigir os Meus cui- dados. Mas não pede nada. Desde que Me teve sa- bia que teria de Me perder para Me reencontrar num Plano bem Superior ao familiar. Porque Eu estou Nela e Ela está em Mim. E Nós em Deus!… Não sabeis quem é Minha Mãe. Se soubesses não a criticaríeis mas a veneraríeis como a Amiga mais íntima de Deus. A Poderosa que tudo pode no Co- ração do Pai e sobre o Filho do coração!”

AGRADECEI A MARIA

Jesus foi a Caná com João e Judas Tadeu. Em sua Nobreza mais parecia o Rei do banquete. Manteve- se discreto. Maria percebeu a aflição que surgiu com a falta de vinho. Pediu ajuda ao Filho apesar de saber que não era Sua hora. E disse aos servos: “Fazei o que Ele vos disser!” Jesus pediu que en- chessem grandes talhas de água. Deu Sua Benção e tudo se transformou num excelente vinho. Diante do impacto levantou-se e disse: “Agradecei tudo a Maria!” Saudou a Mãe e saiu do banquete.

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(JESUS EXPLICA)

“Ao sair Eu lhe disse: ‘Mãe, agora Eu Sou do Meu Pai. Espera e Me terás nos braços como era de Me- nino e não disputarás mais Teu Filho com ninguém. Serei considerado uma vergonha por ser condenado à Morte e isso te será grande humilhação. Depois Me terás Triunfante, e Comigo serás também Triunfante no Céu. Espera!’

“Deixei Minha Mãe ser a Iniciadora dos Milagres como Sinal de que é Ela a ‘chave’ dos Meus Milagres. Não recuso nada a Ela pois sei que assim a faço feliz. Além disso quis manifestar Seu Poder junto ao Meu. Somos uma só Carne. Estou Nela e Ela ao redor de Mim como pétalas de um lírio puríssimo. Era justo que estivesse unida a Mim no Poder que se manifesta ao Mundo por estar unida a Mim na dor da Cruz.”

EXPULSÃO NO TEMPLO

Jesus chegou a Jerusalém para a primeira Páscoa como Messias. Com Ele, Pedro, André, João, Tiago e Felipe. Encontrou um mercado indecente e ficou santamente irado. Nada iria impedi-Lo de assumir Seu papel na Casa do Pai.

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Com golpes de chicote soltou os animais, golpeou costas e cabeças. Moedas voaram entre gritos de raiva, revolta e também de aprovação. Fariseus rai- vosos chegaram aos berros. “Quem és Tu para fa- zeres isto??…”

“Sou Aquele que tudo posso. Ensino a fazer da Casa de Deus uma Casa de Oração. Não um antro de ladrões!… Não Me conheceis ainda mas logo Me conhecereis. Podeis destruir este Templo e Eu o reconstruirei em três dias!” Jesus se referia ao Templo de Seu Corpo que ressurgiria em três dias.

NOVA LEI DA CARIDADE

Jerusalém estava lotada. Jesus foi acolhido na hu- milde casa de um casal no Monte das Oliveiras… Duas pessoas que estiveram no Templo foram pro- curá-Lo. Um outro apareceu, mas ficou à distância. Era leproso e viera na esperança de ser curado. Dei- xou cair o manto e mostrou seu corpo todo devo- rado pela lepra.

Cheio de piedade, Jesus ordenou: “Levanta-te e sê curado. Sê Meu Sinal nesta cidade que tanto pre- cisa Me conhecer… E não peques mais!…” Depois dirigiu-se aos demais, que cheios de repulsa fica- ram mais atrás.

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“E tu, o que buscas??…” “Seguir-Te! Sou Judas de Keriot. Trabalho no Templo e sonho com o Rei dos Judeus. Vejo em Ti este rei. Toma-me Contigo!” “Tomar-te? Agora?? Tão rápido?? Não!!… Pensa melhor!!…” “E tu, quem és?” “Sou Tomé. Mas agora sinto medo.” “Não temas. Pensa também. Guardarei teu nome Tomé. Vai em Paz.”

Os discípulos não entenderam a diferença de trata- mento. “As intenções são bem distintas!” Durante a ceia numa pobre mesa Jesus falava docemente. Seu semblante extasiava pelo Extraordinário que transmitia. Era o Grande Mestre na autoridade mas um Doce e Simples Amigo na convivência!… Na mesma noite Tomé voltou e foi acolhido como dis- cípulo.

E os avisou: “Assim fareis pela Nova Lei da Cari- dade. O forasteiro foi acolhido e em Meu Nome de- veis amá-lo. Se vos foi ensinado ‘amai quem vos ama e odiai os inimigos’ Eu porém vos digo: ‘Amai também os que vos odeiam!…”

“Mestre, como saber se a pessoa merece ser aju- dada?” “Falas com bom senso Pedro! Mas é me- lhor pecar por Bondade que por desconfiança. Se fazes o Bem a um indigno nada de mal te acontece.

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Teu prêmio estará sempre reservado. Mesmo que fiques paupérrimo ou até percas a vida…”

SOGRA DE PEDRO

Depois de passar uns dias com a Mãe em Nazaré, Jesus foi a Cafarnaum onde a sogra de Pedro mo- rava. As barcas ficavam ancoradas ali. Muitos do- entes esperavam na Sinagoga. Jesus leu um texto depois disse com seriedade:

“Eu não sou como alguns esperavam. Meu Reino é muito Maior. E não será implantado com bata- lhões à base de força e sangue, mas com os mansos de coração. Não é contra inimigos de fora que de- veis lutar, mas com os que dominam vossa alma e vosso pensamento sempre vingativo e cheio de ódio!”

A reação foi forte. Ao saírem Pedro pediu que Jesus fosse abençoar a sogra que vivia praguejando e es- tava com febre alta. E Ele perguntou: “Acreditas que posso curar-te?” “Por que farias isso se nem me conheces?” “Porque Pedro Me pediu.” “O Pe- dro??? Aquele desgraçado?…”

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Como não queria morrer, ela deixou. Mas saiu da cama sem agradecer. Pedro irou-se. Não se conformava com a ingratidão da sogra. Jesus o acalmou.

“Não é a primeira nem a última vez que não ha- verá qualquer agradecimento. Basta-Me que Me deem almas e a chance de poder salvá-las… Vereis desamor muito maior do que isso. Ah! Muitas sur- presas ainda tereis neste caminho… “Ah! Simão Pedro. Tua sogra deu uma excelente ideia!… Es- cuta sempre os que te amam. Estarás sempre no barco ou Comigo. Pensa nisso!…” E o convenceu. “Tens razão. E João e Tiago?” “Que também ve- nham morar em Cafarnaum…”

Naquele momento surgiu um garoto trazendo uma bolsa cheia de dinheiro de alguém que não queria se identificar. Jesus sabia de tudo.

Para a multidão que aguardava, contou uma Pará- bola. Depois pegou a bolsa dividiu as moedas em seis partes e distribuiu conforme as necessidades. Percebendo seu cansaço tentavam dispersar a mul- tidão. “Não! Isso não se faz. Se Me consumisse em lhes falar, curar, perdoar e derramar Meu Poder, aí sim não sentiria saudades do Céu. Ide aos vila- rejos e avisai que irei visitá-los. Sou de todos!…”

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Ao retornar, Jesus encontrou uma multidão que ha- via dias que se aglomerava no pomar… Os discípu- los fizeram o que podiam, mas faltava alimento. A pesca era pouca. Cinco fariseus abrindo caminho se alojaram na primeira fila.

Jesus quis ficar entre pequeninos. Recitou o Salmo que fala do lindo Jardim cultivado pelo Pai. Termi- nou sem condição de se mexer. Pedro lá do fundo gritou que tinha um doente que não aguentava mais. “Trazei-o e o desçam pelo telhado!” Os ami- gos levaram sua maca e com esforço o desceram. “Tiveste fé! Teus pecados estão perdoados!…” Os fariseus morreram de rir debochando. Jesus levan- tou-se e com autoridade, disse:

“Ele precisava muito mais da cura interior que a exterior. Mas para que saibais que o Filho do Ho- mem tudo pode, Eu digo: ‘Levanta! Pega tua maca e anda! Vai e não peques mais!…’ O rapaz enfim foi liberto daquilo que o aprisionava há tantos anos. Uma maca que pode ser chamada de droga ou de qualquer outra dependência física ou psíquica.

Após dar a benção Jesus disse aos discípulos: “Va- mos lançar as redes!” Pedro tinha tentado a noite inteira e nada. Sem ânimo, lançaram as redes. Em minutos era tanto peixe que quase afundaram. Pe- dro atarefado não pensou em nada.

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Mas ao chegarem, caiu em si e se ajoelhou. “Se- nhor, afasta-Te de mim! Não sou digno de Ti.” “Levanta e segue-Me. De agora em diante serás pescador de homens. E contigo teus amigos. Vinde!” E a Igreja de Cristo nascia como um pequeno embrião.

CHEGADA DO TRAIDOR

Dias depois Judas surgiu no Getsêmani em nobres vestes. “Salve Mestre! Decidi que venho. Sonho com o Reino de Israel e em Ti vejo o Rei!… Coloco minha capacidade, meus conhecimentos e minhas amizades para a reconstrução de Israel!”

Jesus olhava-o com tal seriedade que chegava a ser agonia. Judas no entanto, belo, jovem, leviano, ambicioso e exaltado pelo sonho de reinado, era só sorrisos.

“Judas!! Devo te convencer de que não vim para isso. Tens um Manso e Pacífico à tua frente. Um Pobre que quer permanecer pobre. Todos os Hero- des e Césares podem dormir tranquilos pois Meu Cetro está garantido. Vai e medita mais….” “Me rejeitas?” “Diria que é Amor!” Por fim, lhe disse: “Encontre-Me na Porta dos Peixes amanhã…”

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PORTA DOS PEIXES

O tumulto era enorme. Dois comerciantes briga- vam exaltados porque o burro de um comeu a al- face do outro! Talvez fosse pretexto para descarre- gar rancores antigos e estavam prontos a se matar. Agitação. Gritos… Mulheres apavoradas e nin- guém fazia nada. Golpeavam-se com facões afia- dos. Jesus colocou-se no meio e foi insultado. Per- cebendo que não iriam parar, estendeu as mãos e as lâminas se espatifaram no chão como se fossem de vidro.

“E agora?? Onde está vossa força?? Nestes peda- ços de metal espalhados no chão? Infelizes os que se baseiam na Força para vencer. Deus está com os justos e mansos. Não sois animais irracionais que avançam e mordem. E por causa de alface?? Por mulher?? Por uns palmos de terra?? Por po- sição social?… O que são essas coisas??…”

“És Aquele que cura os cegos na Galileia??” “Sou Eu.” A multidão logo se aglomerou pedindo curas e milagres. “Jesus!! Jesus!! Hosana!! Hosana!” gritavam em exultação. No meio do tumulto che- gou Judas. “Estás vendo! Todos Te amam! Por que foges da Judéia e Te escondes na Galileia?…”

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“Eu não fujo, Judas! Preciso reunir todas as ove- lhas de Israel, tanto da Judéia como da Galileia.”

Depois que pediu autorização no Templo, pregou. “Escuta Israel! Na relativa Luz que vos foi dada inimigos eram os que invadiam vossas terras, os que vos ofendiam ou pareciam ofender… E este Ódio se tornou intolerância!…”

VAIDADE DAS VAIDADES

Ao saírem, Judas quis ficar com Jesus. “Judas, à noite devo estar com o PAI. Quem deseja viver no Espírito precisa rejeitar a carne para cuidar do Es- pírito. Tirar dos alimentos o que é nutritivo; não o veneno. Se sabemos que algo nos faz mal, temos de eliminá-lo.”

“Judas, tu te formaste em ambientes refinados, po- rém, corrompidos. Salomão era o mais sábio do seu tempo e lembra o que disse? ‘Vaidade das Vai- dades! Tudo é vaidade… É melhor um simples pão que uma mesa cheia de impurezas… Vim ajudar o homem a se tornar um verdadeiro filho de Deus. A se reinventar num novo jeito de viver por sua livre vontade. Sobre o dom da vida Eu digo: Suicidar-se é o mesmo que matar…”

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“A vida, tanto a tua como a dos outros, é Dom de Deus. Somente Ele pode tirá-la. Quem se mata mostra sua Soberba.”

“Soberba?? Diria que é desespero!!…” “E o que é desespero senão soberba??… É alguém que sente que suas dores pesam mais que suas forças. Quer vencer sozinho e não consegue. Ou então aquele que cometeu algo muito grave e pensa que Deus não vai perdoar. Não tem a humildade de dizer: ‘Pai, não posso mais. Ajuda-me!…’

“Quem acha que Deus não perdoa está medindo a Deus por si mesmo. É Soberba também. O humilde se esforça e perdoa. Mesmo que sofra… O soberbo não perdoa. Nunca! Se o culpado correr aos pés do Pai com coração arrependido e cheio de boa von- tade, tudo lhe será perdoado. Mesmo diante do mais horrendo pecado. Por isso chama-se PAI…”

“Tu és Santo!… Eu sou jovem cheio de vigor e vi- talidade!” “Judas! Tentados todos podem ser. In- clusive Eu. Agora pecadores só os que querem ser. Eu nunca quis pecar. E não é só porque Sou Filho de Deus.” “Se o homem não quiser ele não peca. Basta domar a Vontade.”

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Ao se despedir, Judas deu sua opinião. “Moras num lugar muito humilde e o povo repara nisso!!… É preciso Te impor!…” “Saberei Me impor muito mais pela modéstia e simplicidade que pela impo- nência.” despediu-se e saiu.

João descia correndo e O abraçou. A noite estava clara. Num ponto alto de onde se avistava toda Je- rusalém, Jesus suspirou: “Ah! Jerusalém!… A infiel e decadente Jerusalém!… Seu aspecto de Pureza e Santidade está limitado às paredes…”

VIAGEM PELA JUDEIA

Jesus apresentou Judas a Simão Zelote e a João, de- pois os convidou a fazerem uma viagem pela Ju- deia. Em Belém uma mulher lhes ofereceu água e perguntou de onde Jesus era e qual sua idade. E ex- clamou: “Ah! Meu Deus! Quanta desgraça! Não sei porque foi nascer aqui Aquele que dizia ser Sal- vador e nos desgraçou tanto! Meu marido pode vos contar mais detalhes.” E ele foi contando. “As po- bres crianças arrancadas das mães eram traspas- sadas como filhotes de gazela tudo por causa de uns doidos que beberam demais e vieram dizer: ‘Vinde adorar! O Messias nasceu!!’ Imagine. Bê- bados estávamos nós em cair nessa história ma- luca!”

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“Acreditamos na jovem e no marido dela… Oras! Se era sua mulher como poderia ser a Virgem pro- metida? Representaram bem. Mas tudo foi culpa da nossa credulidade depois de séculos esperando o Messias. Muita desilusão com os falsos Messias. Todo povo O rejeita pela tremenda matança!.”

“Acaso não estariam eles falando a Verdade?…” “Fora daqui!!! Fora!! Tu O defendes!! Seguidor do falso Messias!! Ide embora malditos!!” Jesus preferiu sair sem resistência…

EXPERIÊNCIA INIGUALÁVEL

Chegaram a um antro escuro entre fendas no pare- dão. “Vinde amigos! Eis o quarto onde nasceu o Rei de Israel! Nesta pobre gruta no dia 25 das En- cênias nasceu Jesus Cristo. Eu que vos falo…”

“Exatamente como naquele tempo o Mundo se fez de surdo e rejeitou Minha Mãe! Meu Nascimento foi ignorado ontem, hoje e será amanhã…” E olhou para Judas que sentia muito nojo. “Não desvies o olhar dos morcegos voando, das lagartixas e ara- nhas! Foram o ‘dossel’ do Berço Real. Brinquedi- nhos em movimento diante do pequeno Menino, ao qual os Anjos cantaram Glórias!..”

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“Ei Judas!!… Não precisas erguer tua veste rebor- dada com repugnância para não tocar nos excre- mentos!… Este chão está santificado pelos pés Dela, a Santa e Inviolada, na qual Deus a fez grá- vida de Si mesmo! Se Ela pisou este chão tu podes pisá-lo. E que dos teus pés te suba ao coração a Pureza por Ela derramada.”

A manhã nascia luminosa, porém os discípulos es- tavam sombrios e apavorados de entrar na cidade. Na Praça foram a um albergue. “Viemos a procura de Ana que morava aqui em frente.” “Ah! Coitada! Ela e os filhos foram mortos porque hospedou os pais do falso Messias. Aquilo é o que restou de sua casa.”

Jesus subiu no que sobrou da escadinha e disse: “Foi daqui que Minha Mãe Me fez saudar os reis!” Muitos os observavam e Jesus aproveitou para cla- mar ao povo. “Homens de Belém, ouvi- Me!! Ó vós mulheres da Terra consagrada a Raquel!… Ouvi a quem já foi perseguidor, já sofreu e se tornou digno de falar. Alguém que quer vos trazer Luz e con- forto. Ó irmãos da Minha Terra. Berço do Salva- dor! Como diz Miquéias: ‘Porque nela haveria de pousar a Glória de Deus, nela se desencadeou o ódio de Satanás!…’

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“Senhor!! Estás vivo! Todo resto é passado. Adoro contar sobre os Anjos, a Estrela, os Reis Magos e claro, de tua Mãe!. Dizer este Nome é como ter mel na boca: Maria!…”

Em seguida foram à cidade cultuar o túmulo do pastor mais velho que havia morrido. Na antiga casa de João Batista tudo havia sido reformado. Nem o sepulcro de Samuel havia sido preservado. Logo que foi preso a casa passou a ser um bordel para os importantes amigos de Herodes.

BORDEL EM  HEBRON

Do portão uma linda jovem os convidou a entrar. Jesus a olhou com seriedade e entrou. Ela não se mexia, mas com os xingamentos correu para os fundos e se aproximou.

“Qual teu nome, Senhor?” “Jesus!” “O meu é Aglae, que quer dizer vício. E o Teu?” “O Meu quer dizer Salvador.” “Quem salvas?” “Os que querem Salvação.” “Estou perdida; morta!…” “Sou Aquele que dá a Vida.” “Mas sou sujeira e mentira.” “Eu Sou Pureza e Verdade!” “És Bon- dade também. Não me olhas, não me tocas nem me humilhas. Tens Piedade de mim.” “Tem pena de ti

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e da tua alma!” “O que é alma?” ”O que diferen- cia o homem do animal.” “Poderei ver-Te ainda, Senhor?” “Quem Me procura Me encontra. Meu Nome será gritado pelas ruas. Adeus…”

Jesus viu o espanto que havia causado em todos. Dirigiu-se à Sinagoga, porém foi impedido de en- trar. Saíram de Hebron em silêncio. Por fim disse:

“Virá o tempo em que os pagãos adorarão o Ver- dadeiro Deus e o Povo eleito estará imundo de Sangue do imenso Delito, que comparado às mere- trizes não será nada…”

HONRAS EM KERIOT

Os pastores ficaram em Hebron enquanto Jesus e os discípulos seguiram até o subúrbio de Keriot onde Judas tinha uma casa de campo. Sua mãe os recebeu.

“Eu Te saúdo Rei de Israel! Creio que fiz tudo con- forme Judas me pediu. Sandálias de pele vermelha iguais a dele.” “O que é isso, Judas??” “Não és Rei e Deus?? Precisas te impor!! Também mandei fazer esta veste de linho rebordada com fios de ouro!” Jesus sentiu pena dela e a vestiu.

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Judas exultava em ostentar sua riqueza e mostrar que tinha posses. “E o resto mãe?…” “O que fizeste Judas??” “Não és o Rei de Israel??… É hora do mundo saudá-Lo como tal e isto deve acontecer aqui na minha cidade!…”

Jesus puxou-o de lado. “Judas!! Vai-te embora!! Serei proclamado Rei no madeiro da Cruz por trai- ção de alguém, que por sua soberba, sensualidade e avareza terá gerado um nó de serpentes a Mim e de maldição a ele mesmo. Vai-te!…” Judas se jogou de joelhos e implorou por Piedade.

Um belo carro ornado com almofadas púrpuras os aguardava à porta. A multidão acenava com ban- deiras e ramos; gritos de júbilo e saudações emoci- onadas. Em sua casa na cidade uma luxuosa recep- ção estava preparada. Muita pompa, reverências, discursos e grande falsidade. Jesus agradeceu e se pronunciou por instantes. O Sinagogo pediu que fosse à Sinagoga falar a todo povo. E Jesus não per- deu a chance de se apresentar.

“Conheço vosso pensamento e sei que há um enorme erro de interpretação. Foi-vos dito: ‘Vem aí o Messias!’ E pensastes que Messias e rei fosse a mesma coisa. Não! Elevai vosso Espírito. Minha Realeza é Divina!”

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Um idoso tomado de emoção contou que anos atrás tinha ido adorar um recém-nascido e reconhecia em Jesus o Messias. “E o que viste lá??” “Vi pobreza; honestidade e Pureza. Vi um carpinteiro gentil chamado José e uma jovem mãe belíssima chamada Maria… Beleza igual nunca vi!”

E muito exaltado, ergueu os braços: “Tu és o Filho gerado por Amor!… Ó Carne Gloriosa e Divina. Ó Beleza do Homem-Deus! És Rei, sim! Não de Is- rael, mas do Mundo!!…” Parecia um rapaz incen- diado com o Fogo da Revelação. Alguns minutos e tombou morto nos braços de Jesus. “Seus olhos vi- ram a Verdade!…”

Judas indignou-se: “Esse maldito estragou toda a festa!” “Maldito? Foi sua Maior Graça. Esperou pelo Messias e teve a chance de adorá-Lo pessoal- mente. Por trinta anos conservou as palavras que ouviu de Minha Mãe… E afinal seu coração rom- peu-se de alegria incendiado pelo Fogo de Deus!”

MUNDO FEIO DEMAIS

Pela aridez do deserto Jesus os levou até o local onde foi tentado por Satanás. “Aqui Me preparei para a Missão!.. Muitos dias com apenas o orvalho

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e nada mais… Peço que fiqueis Comigo nestas ca- vernas por uns dias. Será mais ameno e mais breve. Temos um pouco de água e pão. Quem não quiser ficar pode ir embora…”

Na volta, Jesus disse: “Estive sujeito às fraquezas da carne e tendo coração senti falta da Minha Mãe. Pude reviver a dor de ter Me separado da Única que Me Ama com perfeição pressentindo a dor que Me espera. Mas em primeiro lugar a dor de Minha pobre Mãe. Chorei de tristeza… Não é pecado estar triste, mas cair na inércia e deses- pero. Venci o homem-animal; tornei-Me Homem- Deus. E como Deus tudo posso; como homem tudo conheço. Agradeço-vos por terdes vindo a este lo- cal. O mundo me causou náuseas. É feio demais! Jamais conteis a Ela o que encontrei em Belém e em Hebron. Tende pena Dela… Poucas almas têm o nome de Maria!”

GRANDE NEGOCIATA

De volta ao Jordão, Jesus encontrou José, um dos pastores com três discípulos de João Batista. Esta- vam desnorteados com sua inesperada prisão. “Foi preso por ordem de Herodes e Herodíades, uma manipuladora poderosa de grande influência so- bre o marido…”

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Precisavam de uma certa quantia para tentar subor- nar alguém lá da corte. Jesus se lembrou das joias de Aglae e para negociá-las, ninguém melhor que Judas, que conhecia um grego astuto em Jericó. João o acompanharia. E tudo foi realizado. No final da tarde se encontraram na praça. “Mestre! Creio que fiz excelente negócio. Nós nos apresentamos como gente muito rica. Escolhemos as joias mais parecidas com as de Aglae e pedimos o preço. Houve a barganha…”

“Nessa hora estufei o peito e gritei: ‘Velho safado! Quero vender e não comprar! É tudo teu pelo preço que deste. Agora paga!’ O grego se recusou. Soltou mil palavrões, mas com a ameaça que fiz de denun- ciá-lo de agiota, viciado e afeminado, pagou o preço que havia dado! Podes contar!” Jesus man- dou entregar o dinheiro aos pastores. “Todo???” “Sim, Judas. Todo!!”

Jesus e os demais pernoitaram com alguns campo- neses A simplicidade de Jesus encantava. Um carro iria levar verduras a Jerusalém e Ele aproveitou para mandar João. Judas também quis ir. “Tenho compromissos com amigos…” Jesus não o brecou. Retirou-se para rezar e chorar. Estava exausto de conviver com a presença asquerosa de Judas. Si- mão Zelotes se aproximou.

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“Mestre! Não sou o João, mas talvez eu possa Te dar algum conforto. Sei que na dor estás precisando é de Tua Mãe…” “Ah! De Minha Mãe…” “Por que não afastas a causa da Tua dor?…”

“É inútil Simão. Aquilo que deve ser será. Judas faz parte do futuro e lá deve estar. Tenho diante de mim o próprio Demônio… Ser bom na companhia de João, não é Virtude… Mas ser bom com quem é um Judas, é dificílimo.”

AMIGO LÁZARO

Zelotes quis levar Jesus a Betânia para conhecer Lázaro, seu amigo de muitos anos. Foram recebi- dos com alegria apesar de sua aparência debilitada. Era muito rico e sofredor. Leitor assíduo de diver- sas Culturas, gostava de confrontar o Verdadeiro Deus com os deuses do paganismo.

“Lázaro instruir-se não é pecado desde que não mate a ideia de Deus. Tens um Amor Verdadeiro a Deus e podes ler sem medo…” “Ah! Mestre! Se os do Templo Te ouvissem… Que palavras usas para convencer um pecador?” “Uso de Amor e Miseri- córdia.” “E se o Amor for desprezado?” “Insistir. O culpado está sendo engolido por uma lama mo- vediça. Ou fica parado ou enlouquece de remorso

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e tenta fugir. Agarra-se a uma outra lama e acaba afundando mais. Amor é a corda que se lança. Mas é preciso insistir até que a agarre. E aguardar a ajuda de Deus.”

FLOR SOLITÁRIA

Antes de voltarem à Galileia Jesus foi ao Templo e pelo caminho foi contando: “Simão! A Galileia é linda. O lago parece feito para falar de Deus. E Minha Nazaré então. Mais ao sul fica a Planície de Esdrelon. Além disso… Ah! Simão. Lá está uma flor. Uma flor que vive solitária exalando Pureza e Amor por seu Deus e por Seu Filho. Lá está Minha Mãe!…”

“Tu Me dirás se existe alguém semelhante a Ela nesta Terra. Ela é belíssima! Mas toda sua Beleza é superada pelo que Dela emana… O Mundo pode Me fazer o Mal que quiser… Eu tudo perdoarei, porque para vir redimi-lo, Eu a tive. A humilde e grande Rainha que o Mundo ignora. Por meio Dela ele recebeu o Bem Maior e continuará rece- bendo até o Fim dos Tempos…”

Na saída Jesus foi saudado por um centurião, o que deu abertura a uma amável conversa. Judas ao vê- Lo com o centurião disse aos pastores:

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“Pudera os nossos procurassem a Verdade assim como esse pagão. Sinto vontade de não colocar mais os pés no Templo. Como discípulo não consigo nada!…”

Jesus ouviu. “E pensas que consigo muita coisa? São lutas do Apostolado. Muito mais derrotas que Vitórias. Mas o Pai vê tua boa vontade, e mesmo que não consigas, te abençoa. É preciso seguir em frente. A canseira é a raiz da soberba assim como a pressa… Por que as derrotas aborrecem tanto?… Ou quando tudo anda devagar?… É o orgulho que se indigna com um Não. O Pai não fez nada na de- sordem ou correria. Mas sucessivamente e em Paz. A Redenção é Obra da Paciência…”

“Afinal quando serás conhecido?” “Nunca!… O Mundo não quer ser salvo…”

Já na Galileia, na planície de Esdrelon, Jesus foi em busca de Jonas, um dos pastores que vivia massa- crado por um rico fariseu. “Ah! Quanta espera, Se- nhor! Quanto desgosto em sentir a morte chegar e não conseguir Te ver. Mas Ela havia nos dito: ‘Vós ainda O servireis!’ Tua Mãe não poderia mentir… Para cada cacho de uva roubado uma chibatada. Somos mulas desprezíveis até morrermos. Temos esperança apenas no Prêmio Eterno…”

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De manhã a difícil despedida. “Jonas. Virei aliviar o teu espírito. Tua bondade enxugou Minhas lágrimas na infância. Não poderia Eu enxugar as tuas? Porei um selo em toda propriedade e Satanás não irá te prejudicar mais. Adeus.”

VOLTA PARA CASA

Em Nazaré surpreendeu Maria. O abraço foi longo e emocionado. “Mãe! Preciso do teu carinho…” E sentado no chão a seu lado como fazia de criança, desabafou: “Sinto tua falta Mãe. Ah! Minha Mãe!” “Meu Filho. Por que não me chamaste? O que te faltou?” “Apenas tu mesma. Deixa que Meus olhos se encham de ti. Ah! Minha Mãe! Minha Perfeita Amiga. Quanta coisa tenho para contar. Mas antes te peço… Tem Piedade dos que virão amanhã. Fi- caram no bosque aguardando. Mas Eu não podia mais esperar.” E lhe beijou as mãos. “Mãe… Eles Me amam mas não são perfeitos… Ah! Mãe! Ajuda- Me a torná-los bons…”

“Filho amado! O que pode fazer Tua pobre Mãe?” “Santifica-os! Tua Virtude santifica. Eu os trouxe para isso… Um dia Eu te direi: ‘Vem!!’ Porque será urgente santificar os corações e encontrar neles vontade de Redenção. Sozinho não poderei… Teu silêncio será tão ativo quanto Minha Palavra…”

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“Tua Pureza ajudará Meu Poder. Tua presença afastará Satanás e teu Filho encontrará forças por saber que estás por perto. Virás Me ajudar, não é Mãe??…”

“Ó Filho do coração! Eis-me aqui! Irei onde qui- seres, como quiseres e quando quiseres. Mesmo agora debaixo desse sol.” “Não Mãe! Agora não. Mas um Dia virás!” Maria cumpriu o que prome- teu. Continua vindo e distribuindo Bênçãos e Gra- ças até hoje para ajudar o Filho na Co-Redenção.

Logo cedo Maria fazia o pão de mel que tanto gos- tava. Sorria… Ah! Como sorria essa Mãe! Parecia a jovenzinha de Belém por tanta alegria. “A Paz a este dia!” “Meu Filho!! Queria tanto que dormis- ses mais.”

“Mãe, dormi como um bebê. Parece que tu é que não dormiste.” “Fiquei Te olhando como eras pe- quenino. Sempre sorrias… Mas esta noite não… Suspiravas até.”

“Estava exausto, Mãe! O mundo não é como esta casa cheia de harmonia e Amor. É feio demais!… Por mais que tentemos nos livrar do mal cheiro, ele nos penetra. Agora estou contigo….” E saiu para buscar os discípulos.

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AS LIÇÕES COMEÇARAM

Durante o período de intenso calor que os impedia de peregrinar, Jesus iniciou as lições. “Como um músico, percebi que é preciso ajustar os acordes da Harmonia que havereis de transmitir ao Mundo. Para isso é preciso Amor e União entre todos. Sois de diversas classes sociais, idades e lugares distin- tos. Preferi os virgens de Doutrina por assimilarem mais facilmente Meus Ensinamentos.”

“Muitos se gloriam de serem filhos da Lei. Porém não passam de idólatras. Confundiram a Eterna Lei com um nevoeiro de mil Religiões inventadas. Portanto, estais todos começando e deveis vos tor- nar uma Família. E repito. Não conteis à Minha Mãe o quanto fui maltratado na Judéia…”

“Toda obra oculta será um dia conhecida… Muitos agem por bondade. Mas uma bondade humana. E sendo humana não tem a intenção Perfeita. Deseja ser conhecida e se irrita ao perceber que continua ignorada. Fazei o Bem e entregai a Deus. Se for para o vosso bem que isso seja conhecido Ele o fará. Mas se for apenas para vaidade, o Pai o con- servará secreto e vossa glória só será vista pela Corte Celeste…”

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“Minha Mãe que desde sempre possui a Sabedoria Divina, perguntou se devia estar entre os Meus sem se corromper. E com o coração palpitando, respondi: ‘Mãe, tu não serás corrompida pelo Mundo. O Mundo é que será perfumado por ti!…’

“Uma triste Verdade brilhará sobre Jerusalém: Foi em vão que os filhos das Trevas estiveram com a Luz. Lembrai-vos disso para que expliqueis ao Mundo o Grande Delito. O Delito Inconcebível… Somente o Amor Perfeito e o Ódio Perfeito pode- riam explicar tamanha doação de Amor diante de tamanha barbárie.’

“O Judaísmo tornou-se um fruto monstruoso ao re- dor das Leis do Sinai. Está blindada por uma casca resistente. Para se tornar Cristianismo será pre- ciso aquecê-la com Meu Amor para só então, se tornar a Religião Perfeita, Eterna e Divina!”

ANTIGA BELDADE

Em Cafarnaum Jesus foi convidado a pregar. Mas antes foi à outra margem do lago com André e Pe- dro onde se escondia uma antiga beldade da região. Vivia como animal depois de ter sido expulsa por causa da lepra.

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André muito tímido contou que esteve lá várias vezes levando pão e peixe. “Somente na sexta vez ela apareceu. Sabia que era punida. Mas falando de Ti o arrependimento brotou forte.” A triste sombra de mulher pedia por piedade. “Limpa-me a alma Se- nhor antes da carne!” “Vai e lava-te no lago!” A prostituta foi limpa e curada. Era Sábado.

A notícia se espalhou. Na porta da sinagoga, Levi, coletor de impostos corrupto. Pedro não perdeu a chance: “É um depravado!! Cobra o triplo para gastar em orgias!” O olhar de Jesus o fez corar.

Ao entrar, começou citando o Rei Davi: “Depois que pecou com Betsabé, ele chorou seu arrependi- mento pela sensualidade desregrada. Todo cora- ção possui um Ponto que se recorda de Deus. Quando o pecado ofusca este Ponto, a Luz cessa e bate o desespero. Natan foi o servo de Deus que o ajudou a ver sua miséria. Hoje o Senhor envia Seu Próprio Filho.

“Inúmeros eleitos sofreram graves punições por terem pecado. Como Sansão, que após cair na sen- sualidade descontrolada tornou-se um nada. Era um eleito para libertar Israel das mãos dos filisteus e sua força seria descomunal.”

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“Bastava ser casto, não tivesse vícios e não cortasse o cabelo. Contudo a carne é fraca e Satanás é Tentador. Saiu-se vitorioso por três vezes nas batalhas, mas não escapou dos encantos de Dalila, a filisteia.”

“Totalmente abobalhado, acabou revelando o seu segredo. Sua Força estava nas sete tranças, sím- bolo de suas Sete Virtudes. Ela o entregou nas mãos dos inimigos, que o dominaram, cortaram as suas tranças e furaram seus olhos. Tornou-se um escravo inútil. Totalmente aniquilado só reencon- trou a Força através do arrependimento e na dor sabendo ser paciente, humilde e constante.”

“Haveria alguém aqui exausto do pecado e do ví- cio, mas sem ânimo para reagir? Eu vos afirmo que não há pecador que não possa fazer reviver as vir- tudes que o pecado arruinou.

“Hoje uma pecadora obteve Misericórdia por seu arrependimento. Os que foram cruéis com ela, os com lepra da culpa, terão menos Misericórdia do que ela. Que cada um se examine. A coleta de hoje será dela. E vós grandes, não murmureis. Eu nem era nascido quando a mulher já era a beldade da cidade. Que cada um reveja seu coração e suas ações. Eu não vos acuso. Falo em nome da Justiça. Adeus…”

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CASTIDADE NO OLHAR 

Era dia de feira e Pedro se queixava: “Terei de dar minhas moedas àquele ladrão!” “Dá-me as moedas. Hoje quem paga sou Eu.” Ao chegar sua vez, disse: “Pago por oito balaios de Pedro. Quanto é a taxa?” Levi, baixo e velhote levantou-se com um olhar triste. “Não há taxa para discípulo do Mestre… Reza pela minha alma…”

Em seguida Jesus foi para a sombra e muitos O acompanharam. “O mundo é comparável a uma grande família. Porém não funciona só com uma classe social. Há de tudo. As riquezas dificultam a conquista do Céu. Mesmo as honestas ou herdadas pois se tornam mais importantes que as Coisas de Deus. Não sejais ávidos por luxos que bem podem ser ofensa aos que passam fome e frio… Gozai dos bens terrenos com desapego, porque cedo ou tarde eles vos deixarão…”

Jesus seguiu para Betsaida onde era muito criticado. “Amigos! Sabei que os poderosos usarão de todos os meios lícitos e ilícitos para Me prejudicar. Entre vós há idosos que pecaram com a adúltera e tendes uma parcela na culpa.”

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“Também há mulheres traídas que choraram por causa dela e se alegraram ao vê-la corroída pela lepra. Eu vos compreendo… Mas sabei perdoar. Deus executou vossas vinganças depois a perdoou. Perdoai vós também… Sou o Cordeiro de Deus e deveis vos tornar ovelhas mansas.”

“Caluniam-Me por ter salvo uma infeliz no Sá- bado. Cumpri Meu dever. Eis Meu pecado. Não há pecador que não possa sorrir diante da esperança de perdão. Basta que renuncie sua culpa, seja he- roico em resistir às tentações e sincero em querer renascer para uma nova Vida. Sede puros no corpo e espírito. Começai pelos olhos que se abrem às demais fraquezas. Conservai-os calmos e puros. Se tiverdes Castidade na carne, tereis Castidade na riqueza, no poder e sereis amigos de Deus.”

PUBLICANO LEVI

Voltando a Cafarnaum Jesus foi à banca de Levi. Quando Sua sombra se projetou ele levantou os olhos e pôs-se em pé. O olhar de Jesus não era acu- sador. Mas de chamado. “Vem e segue-Me!” “Sa- bes quem sou?” “Vem e segue-Me! Eu li o teu co- ração. Vem e segue-Me! Queres hospedar o Filho do Homem?…”

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O terceiro convite foi uma carícia. E chorando muito Levi deixou tudo para trás. Em sua bela casa contou que desde que O ouviu no Templo chorava muito. “Tu estavas sendo lavado pelo arrependi- mento e pela Caridade!” e chamou Pedro. “Sabe quem nos manda dinheiro? Está à tua frente!…” Pedro quase desmaiou. Num ato sincero beijou-lhe.

Levi mandou os servos chamarem os amigos. Judas aproveitou e jogou seu veneno. “Agora trazes co- brador de impostos entre nós?” Pedro rebateu e Ju- das revidou. Jesus de braços cruzados os deixou. No fim disse: “Que eles possam ver apenas vossas Virtudes. Quem não consegue isso, que saia!”

O banquete com vários cobradores de impostos o assunto era justamente sobre os fariseus. A certa al- tura alguns deles chegaram para desafiar Jesus. Ele os saldou: “Ó filhos de Israel! Eu vos dou uma grande notícia! Levi a partir de hoje não é mais escândalo. Será Mateus, Meu discípulo! Dai vosso beijo ao israelita que volta ao seio de Abraão!”

“E volta com esses corruptos? Agenciadores de mulheres, adúlteros e profanos? Sabes bem quem são?? É… Quando se é educado na falta de res- peito não se pode esperar nada além de desrespeito às Leis. É. Ensina-se o que se sabe!…”

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Jesus foi humilde: “É verdade!… Ensina-se o que se sabe. E Eu, que sei a Lei, a ensino a quem não sabe… Ou seja, aos pecadores! Eu vim exatamente para isso: Salvar!”

SERMÃO PARTICULAR

Seguiram para Tiberíades… Distante das conversas Jesus desfrutava da bela paisagem. Barcos de pas- seio cruzaram o caminho. Sons e gritos. Lindas moças se divertiam com rapazes entre risadas es- candalosas. Um deles se jogou para beijar Maria de Magdala que gargalhava deitada em almofadas.

Os barcos quase se chocaram. Pedro irou-se. Os ro- manos revidaram: “Fora seus cães hebreus!!” O insulto não saiu barato. Desfilaram uma lista de pa- lavrões que faria qualquer um corar. Jesus apoiado sobre os cotovelos continuou indiferente a olhar a praia distante.

“Simão! Aquela não é a irmã de Lázaro??” “Não sei de nada, Judas!” “Foi por causa dela que Lá- zaro se enfiou em Betânia!” “Judas! Nossas cha- gas e as de quem amamos devem ficar guardadas. Isso se temos caráter!” Jesus pôs fim na conversa: “Ancorai naquela enseada. Preciso vos falar ”

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“Como médico vos trago sob observação cons- tante pois é preciso decifrar as doenças. Deixo-vos crer que sois livres para que manifesteis o que sois. E o que sois? O que deveis vos tornar?”

Deveis ser Sal da Terra. É com ele que se conser- vam as carnes da podridão. E para que serviríeis se não sois salgados? Eu sei que sois homens. E Eu quem Sou? Sou Aquele que tem toda força a vos transmitir, mas de nada adianta se desperdiçais com pensamentos baixos.”

“Deveis ser Luz no Mundo! Eu, Luz de Deus, vos escolhi para continuardes a iluminar depois que Me for… Mas como iluminar se sois lanternas apa- gadas? Se alguém se sente apto a ser fiel mas não sente em si o nervo do Apostolado, que se retire!! Aos amantes do mundo vos garanto que ele é cheio de atrativos. Oferece flores e frutos adequados ao ventre e à sensualidade… Eu não ofereço outra coisa a não ser Santidade…”

“Neste mundo é o que há de mais estreito, pobre, íngreme e espinhoso para se inverter no Céu. Que- reis permanecer Comigo? Seria melhor dizer: ‘Re- conheço que não fui feito para seguir Teus cami- nhos, do que trair!…”

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“Não pretendo que sejais perfeitos nem depois de dizer duzentas vezes as mesmas coisas. Muitos irão desanimar… A Humanidade é assim. Perde o impulso depois do primeiro salto. Entretanto vos as- seguro que vós, pobres pescadores sereis mais co- nhecidos e venerados que todos os Césares que a Terra teve ou terá!”

“No entanto vigiai! Jamais dizei: Sou jovem; tenho tempo para mudar. Morrem os novos como velhos. Os fortes e os fracos. A tentação pega a todos e a alma pode morrer antes que o corpo… É como a morte de uma flor. Não há gritos nem convulsões. Inclina a corola cansada e se apaga…”

“Não sejais desonestos nem falsos como os políti- cos que chamam de amigo este e aquele. Com Deus não se brinca, nem se barganha… Sede humildes e pacientes. Violência e força usai contra os vícios. Exterminai-os! Vigiar o olhar. Seria melhor tornar- vos cegos que obscenos. Acaso podeis enganar a Deus? Ele tudo vê no coração…”

“Sede puros em fazerdes o Bem… Sede esposos fi- éis em vossa vocação. Não podeis servir a dois pa- trões assim como não podeis acolher duas esposas. Deus e Satanás não partilham do mesmo abraço.”

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“Sede alheios à fome do ouro, da carne e do poder. Deus vos garante o necessário assim como garante ao pássaro do céu. Se tiverdes confiança, Ele jamais vos decepcionará. Não sejais como os pagãos que amam as coisas do mundo mais que a Deus. Agi como gostaríeis que agissem convosco.”

“Não julgueis. Perdoai sempre…Melhorai-vos dia a dia com paciência, firmeza e heroísmo. Tornar- se bom é o maior de todos os esforços. Mas o prê- mio é o Céu, por isso vale a pena… Que palavra deverei usar para persuadir-vos a Amar?? Ó Pai!! Apressa a hora da Purificação…. Esta Terra está árida e doente…”

SUNTUOSA TIBERÍADES

Foi construída por Herodes Antipas para adular Ti- bério, Imperador de Roma. Luxo e modernidade em suas vastas praças, belíssimas fontes, alamedas, palácios e monumentos. Jesus foi à procura de Jo- natas, um dos pastores.

“Mestre, esta é a casa do intendente de Herodes onde Jonatas trabalha. Ele é honesto apesar de es- tar na corte.” A jovem patroa estava muito mal e Jonatas a levou para o Líbano.

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Os servos enfileirados se inclinaram e os convidaram a entrar. Sabiam sobre o Messias-Menino pelo pastor Jônatas. “Abençoa Senhor esta triste casa… Amamos muito nossa patroa que talvez não sobre- viva. Perdeu o filho ao nascer…” Depois lhes ofereceram farta refeição e belas acomodações.

Ao falarem sobre Joana sua ama chorou comovida. “Não chores mãe! Doença não quer dizer morte. Crês que Deus tudo pode? Eu Sou a Vida. Tu lhe deste vida com teu leite. Agora com tua fé podes lhe dar a Vida sem fim. Sorri mãe! Vou a Nazaré, depois irei ao Líbano. Se Jonatas chegar dentro de seis dias, mande-o a Nazaré.”

E todos saíram aclamando Jesus. Tiago observou: “És mais querido aqui do que em Nazaré!” “É. Lá sou apenas carpinteiro…”

MALDITO CASAMENTO

Em Nazaré os primos correram ver o pai que havia piorado muito. Estava furioso. Jesus só recebeu in- sultos quando entrou. Por sua fraqueza Ele o carre- gou e o ajeitou na cama como fazia com José. Mas Alfeu alucinado, continuou a blasfemar.

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“Só desgraça desde que meu irmão José se deixou levar por aquela mulher. Maldito casamento! Para pagar os filhos que me tiraste, cura-me!!” “Perdoa teus filhos e te darei alivio!” “Perdoar? Vai-te em- bora!! E fala às serpentes que seu velho pai morre com muita raiva deles.” “Não percas tua alma, tio! Diga que sou louco mas não odeies assim. Se deci- dires podes Me chamar. Adeus…”

(JESUS EXPLICA)

“Usei o termo ‘tio’ que não há no idioma palestino para esclarecer que Sou Filho Único. Tiago e Ju- das são Meus primos. Maria é carne inviolada, Trono da Trindade e do Verbo Encarnado.”

CORTESÃO DE REI

Já em casa, Jesus perguntou o que a Mãe tinha achado dos discípulos. “Meu Filho! Creio que to- dos Te amam. Mas o de Keriot não me agrada. Chega a me causar medo!” “Mas é respeitoso??” “Até demais! Contigo também. Não pelo Mestre. Mas pelo futuro Rei de quem espera vantagens e prestígio. Ah! Jesus! Está mais para cortesão de rei que para Apóstolo…”

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“Mãe, se não fosse ele seria outro. Meus discípulos devem representar o mundo e nele não há só Anjos. Se escolhesse só bons, como os outros poderiam desejar ser Meus discípulos?…”

Depois de aguardar uns dias, avisou: “Ao anoitecer partirei para o Líbano. Não obrigo ninguém a ir.” Judas na hora reagiu: “Preciso ver minha mãe! Afinal sou o chefe da família!” “Deves sim, cuidar da mãe!!…” disse Pedro disfarçando sua satisfação. E com medo que desistisse, o ajudou a fazer a sacola e o acompanhou até a porta. Voltou feliz esfregando as mãos.

SOCORRO A JOANA

Jesus se preparava para sair quando ouviu um ba- rulho de cascos. O cavaleiro entrou e prostrou-se. “Sou Jonatas!! Trinta anos de longa espera! Ah! Ela tinha razão… A alma sente quando chamas. Jo- ana já vomitava sangue quando mandou voltar. ‘Sonhei com Alguém que dizia: ‘Vem!! Eu Sou a Vida!! Volta!…’ Pensei que estivesse delirando. Ao chegarmos entendi que eras Tu chamando. Vem Se- nhor! Ela está morrendo…” “Sim. A fé merece um prêmio. Quem Me quer Me tem!”

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Joana não quis esperar. Estava a caminho. Ao se encontrarem Jesus se ajoelhou. “Joana!! Eu Sou a Vida! Podes crer em Mim?…” E ao consentir Jesus ordenou: “Sê curada!!” Ela se levantou chorando e rindo. Estava curada. “Senhor! Quero Amar-te para sempre. Serei toda Tua!…” e não conseguiu dizer mais nada.

“O que mais desejas, Joana?…” “Nada Senhor! Apenas que me ames e deixes que eu Te ame!” “E um filho??” “Tudo está em Tuas mãos. Meu pas- sado, presente e futuro. Tudo Te devo e tudo Te dou. Dá-me o que me for melhor.” “A Vida Eterna, en- tão. Sê feliz. Eu te bençoo e Me vou…”

VISITA AO LÍBANO

Jesus foi procurar os últimos pastores no Líbano: Daniel e Benjamin. Jonatas os acompanhou e foi contando os escândalos no palácio de Herodes. Já no Líbano correu chamar os amigos. “Nosso Me- nino de Belém!! Jamais esquecemos aqueles meses Contigo…. Convivemos com Teu sorriso, tua ale- gria, teus primeiros passos. Como nos fazias feli- zes. Gostaríamos de ser Anjos para Te parecer me- nos rudes  ”

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“Amigos! Eu via o vosso coração assim como vejo agora!” E lembraram de Maria. “Seu sorriso era uma Luz. Estar com ela era festa. Ouvi-la era santificar-nos! Tudo ficou escrito em nossos corações. A página da nossa Sabedoria… Palavras de Amor que todos podiam entender…”

De repente chegou André. Pedia que Jesus acudisse um casal prestes a se separar. A esterilidade era uma maldição e portanto, o marido poderia procurar outra. Mas Ava o amava. Jesus o fez ver seu erro. “Muitas mulheres estéreis foram premiadas por Deus com a maternidade. Não ofendas tua mulher! Sê justo e honesto e Deus te recompensará.” “Estamos nas mãos de rabinos que só nos desorientam. Juras por Deus que não é maldição? Que falas a verdade?…” “Eu Sou a Verdade!”

E rezou. “Pai Santo! Torna-os felizes. Desce ó Vida para dar vida. Que no ano que vem eles tenham o filho consagrado a Ti… Abençoai Pai os que em Ti esperam!…” Abençoou a união deles e saiu. Pedro não aguentou. “Mestre o filho vem mesmo?” “E já Me viste prometer algo sem cumprir?…”

Durante a ceia José apareceu com três cartas. Maria contou sobre a morte do velho Alfeu e pedia para não voltarem a Nazaré muita agitação depois da cura de Joana, mulher do procurador de Herodes.

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Na outra carta Lázaro contou que esteve com Doras para negociar a compra de Jonas. Ele queria o dobro do proposto, à vista!! Que Jonas ficasse até o fim da colheita e que Jesus fosse lá pessoalmente.

Pedro se inflamou: “E quem pagará este peste!?” “É justo que saibais que Simão Zelotes vendeu a casa e pagará para Me fazer feliz… Vamos a Na- zaré pegar nossas Marias depois esperamos a li- bertação de Jonas em Cafarnaum. Maria de Clé- ofas agora precisa de carinho e Minha Maria pre- cisa de Paz Eu Sou a Sua Paz!”

REPÚDIO EM NAZARÉ

Muitos davam as costas e batiam as portas. Jesus respondia com amabilidade. Os dois filhos mais velhos de Alfeu fecharam-se rancorosos. Mais tarde na Sinagoga o rabi esperou que alguém se apresentasse. Jesus foi à frente. Abriu em Isaías 61:

“O Espírito do Senhor está sobre Mim. Ungiu-Me e Me enviou a anunciar a Boa Nova. Hoje se cum- pre esta Profecia! ” “Chegou o Tempo da Graça!

Ela está entre vós. É Esta que vos fala! Mas como nenhum Profeta é bem aceito em sua terra, nada poderei fazer nesta cidade hostil.”

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A violência O fez calar. Gritos e insultos. E do alto de um monte O agrediram com ameaças físicas e verbais. Ele os imobilizou com Seu olhar. Foi para uma pequena aldeia com a Mãe que implorava que se afastasse de Nazaré.

“Mãe! Se Eu tiver que ir apenas onde Sou amado devo voltar para o Céu. A Verdade é odiada. E Eu Sou a Verdade. Não vim para encontrar amor fácil. Amor és tu, Minha Mãe! Amor que Me compensa de tudo. Mas para te agradar ficarei ausente por um tempo…”

DORES PREPARATÓRIAS

(JESUS FALA)

“Hoje quero falar sobre as dores preparatórias da Paixão. As Minhas e de Minha Mãe. A Sabedoria Divina conhecia o coração de Judas. Haveria de ter um traidor astuto, ladrão, luxurioso, culto e in- teligente acima da média Aplainava caminhos para se sobressair junto a Mim. Não como serviçal da caridade, mas como interesseiro, o que lhe per- mitia tomar conta do dinheiro e aproximar-se das mulheres.”

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“Duas coisas que amava loucamente. É claro que minha doce Mãe não podia deixar de sentir aversão por aquela víbora! Eu também. Somente Eu, o PAI e o Espírito soubemos das lutas para suportá- lo perto de Mim. Mas as explicarei outro dia.”

“Também não ignorava a hostilidade dos fariseus, sacerdotes e escribas. Raposas astutas que durante três anos não sossegaram até Me verem morto. Ti- nham fome do Meu Sangue!… Naquela noite dor- miram felizes. Pensaram que a Voz que os acusava se calara para sempre. Não!! Ela nunca se calará!! Mas quanta dor teve minha Mãe por causa deles. E dessa dor Eu jamais Me esquecerei..”.

“Eu sabia que multidão era volúvel. É a fera que lambe o domador enquanto lhe oferece carne… Basta que não tenha mais como matar sua fome, ela o despedaça… Basta dizermos a Verdade e ser- mos bons, para sermos odiados. A Verdade é uma Advertência. E Bondade não usa chicote, o que faz os maus não terem medo algum. Primeiro gritam Hosana; depois berram ‘Crucifica-O!!”

“Minha vida foi cheia dessas palavras. A última foi Crucifica-O!! O Hosana foi o fôlego que o cantor toma antes de seu último agudo.”

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“Na tarde da Sexta-feira da Paixão, Maria ouviu alguns Hosanas mentirosos. Depois eram só gritos de Morte contra o Filho. Por isso foi tão ferida. Jamais Me esquecerei disso…”

“Outro sofrimento foi a humanidade dos Apóstolos ansiosos pela Glória. Até Meu João e seu irmão a desejaram… Querer que a Santidade neles fosse re- conhecida. Desejar estar ao Meu lado pelo pouco Amor que Me é dado. Não! Primeiro é preciso be- ber todo o cálice que bebi. Todo!… Dando Cari- dade em troca do ódio. Castidade contra as vozes da sensualidade. Heroísmo nas dificuldades. Holo- causto por Amor a Deus e aos irmãos… É o despo- jar-se de tudo que é humano. Como Me viste no Pretório. Restando apenas o dom que vos foi con- cedido: A Vida!”

TRABALHO HONESTO

Foi com os seus a Tiberíades esperar a Mãe e a tia para seguissem juntos a Cafarnaum. Cusa os con- venceu a ficarem por alguns dias. Depois, acompa- nhados das Marias, seguiram por uma planície em época de colheita. Foram recebidos por um simpá- tico casal. Colonos e vizinhos se agruparam.

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Jesus sentou no alto da escada e Maria no degrau abaixo olhando-O com aquele seu olhar de Pomba. Jesus fez uma linda pregação sobre o que significa trabalhar honestamente e foi longamente aclamado. Só se acalmaram quando uma mãe se aproximou carregando sua filhinha paralítica. Maria foi ao seu encontro. “Vem querida!” Jesus não fez pergunta. Apenas disse: “Sê alegre!!” Gritos de Ho- sana foram ouvidos até nos Céus.

Mais tarde explicou aos donos da casa: “A criança estava com Minha Mãe. Ela se sente feliz em con- solar os aflitos e Eu quero vê-la feliz. Sempre!”

Prosseguindo a viagem encontraram alguns colo- nos fazendo um trabalho que novilhos não suporta- riam. Pedro foi até eles. “Eu era Simão! Pescador… Agora sou Pedro de Jesus de Nazaré! O Messias da Boa Nova!” Falou de peito tão estufado como se dissesse: “Pertenço ao Divino César de Roma!”

E chamou Jesus. Com eles ficaram sabendo que Jo- nas estava muito mal desde a última colheita. Um prodígio na região. “Doras deve tê-lo gratificado.” “Recompensa?? Ah! Espancou-o mais ainda por não ter produzido o mesmo nos anos anteriores!” Jesus deixou tudo que tinham com eles e foi direto à casa de Doras.

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FARISEU DORAS

A ostentação não foi capaz de ofuscar a imponência de Jesus em sua simplicidade. Exibiu seu jardim com frutas tão raras que contava os caroços para não sumirem em outros campos. Jesus denunciava sua severidade com o olhar. Doras em sua jactância desdenhava do pobre Mestre Galileu. Com riso nos lábios falou mal de Lázaro, da irmã meretriz e o aconselhou a não ser amigo dele. Disse que era po- deroso e tudo podia dentro do Sinédrio.

“Além disso, fui bom demais ao lhe dar Jonas!” “Eu te paguei!” “Sim. Estranhei que tivesses todo esse dinheiro. Depois da refeição o terás. Entrego- te meu melhor servo e Tu me dás a mesma Benção do verão passado para não sentir saudades do Jo- nas. Quero ser falado em toda Palestina!…”

Jesus aumentou o tom. “Assassino!!” Doras avan- çou: “Na minha casa mando eu! Fora Galileu or- dinário!!” “Irei depois de ter amaldiçoado a ti e teus campos.” “Não! Isso não! Retira Tua maldi- ção!!” e mandou que levassem Jonas.

Jesus não esperou. Encontrou-o desfalecendo se- minu numa esteira. “Amigo! Vou te levar à minha Mãe… Coragem! Terás muita Paz junto a Ela.”

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O cortejo cruzou com Doras. “A cama é minha!! Eu te vendi o servo!” Jesus atirou a bolsa com moedas. “Quarenta é pouco! Diga que vais tirar a maldição!” “Te entrego a Deus!! Adeus!”

Percebendo sua desgraça, Doras berrou: “Ainda Te terei sob as minhas unhas! MALDITO!! Coloca- rei o Sinédrio contra Ti. SATANÁS!!…”

Pelo caminho cruzaram com um comboio militar. O graduado sabendo era o Rabi de Nazaré permitiu que subissem nos carros com o agonizante. E assim transbordando carinho acompanharam a morte do fiel pastor Jonas.

DORES DE LÁZARO

Lázaro ao saber da morte de Jonas, disse: “Doras é um demônio feroz! Veio aqui para me afastar de Ti, eu que já vivo tão atormentado.” “Lázaro. Vim também por causa disso.” “Tu sabes minha vergo- nha??” “Tua??… Tu não tens o pecado pelo qual sofres. Sou Misericórdia, Perdão e Amor para to- dos…”

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Lázaro soluçava. Sentia-se humilhado por sua fraqueza. Jesus preferiu deixa-lo sozinho e foi para o jardim onde Marta O alcançou. Contou que seu maior tormento era Jesus saber sua vergonha.

“Marta! Sempre soube desde que estava com o Pai.” “Não consigo perdoá-la…” “Marta! Maria é doente…” “É demoníaca!” “E o que seria pos- sessão senão uma doença do espírito contagiada por Satanás? Toda perversão é união do homem- animal com o Demônio. É a explicação de tudo que nos espanta como monstruosidade. Fala-lhe de Mim. Meu Nome já é Salvação.”

REUNIÃO DOS GRANDES

Lázaro fez uma reunião com os amigos para falar sobre Jesus e quiseram conhece-Lo. Na estupenda mansão em Arimatéia Jesus foi recebido com reve- rências. Gamalieu, o grande Mestre do Templo em sua pompa escutava atento querendo decifrar algo de Sobrenatural. Mas Felix criou polêmica.

“Milagre não é prova de Santidade! O Batista é Santo e não faz milagre. Vive recluso. Este faz mi- lagres mas ama a boa vida e perdoa qualquer um.”

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Lázaro reagiu: “Moisés fazia milagres; Arão, o sucessor, não. Isso significa que um é mais Santo que outro?” “Certamente.” “Então o mais Santo é Jesus que faz Milagres!…”

Gamalieu quis ouvi-Lo. “O homem fica admirado com tudo que sai da regra. Milagre é isso. Des- perta, atrai, indica a presença de Deus. Mas o que poderia isso acrescentar à Minha Santidade?… Há bruxos que fazem milagres. Continuarei a ser Eu, com Milagre ou sem Milagre.”

“És Grande Jesus!!” disse Gamaliel. Felix se in- dignou. “Se é assim, por que não faz um milagre aqui?” José reagiu: “Não O convidei para ser dis- tração dos amigos!” Felix levantou-se e saiu como declarado inimigo.

Gamalieu não O reconheceu como Messias, mas recordou: “Certo dia pensei que o Messias esti- vesse vivo. Era apenas um menino. Mas Deus bri- lhava em Seu semblante… Anos se passaram e ainda busco escutar aquela Voz. Era Deus em forma de garoto. Um relâmpago que passou para dizer: ‘Eu Sou!’ E quando aparecerá? Quando Is- rael se converter?… Então não será nunca!.. Qual o Teu Verdadeiro Nome??…”

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“Eu Sou quem Sou. O Pensamento e a Palavra do Meu Pai. O Messias do Senhor.” “Ah! Grande é Tua Santidade, mas o menino disse: ‘Darei um Sinal! Pedras tremerão quando chegar Minha hora!’ Podes dar este Sinal para me convencer??…”

“Repito o que disse: ‘Pedras tremerão às Minhas Últimas Palavras!’ Espera, ó doutor de Israel. De- pois crê se queres a Salvação. Mas não podes… Sé- culos de crenças e de orgulho fazem de ti um balu- arte diante da Verdade.” “Dizes bem! Vou espe- rar. Adeus.”

FALSOS DEUSES

Jesus e os seus rezavam no Templo quando ouviu- se uma discussão. Alguém barrava a entrada de um soldado romano. “A menina está morrendo!! Jesus pode salva-la!” Era Alexandre com a couraça en- sanguentada. A criança desfalecia com o crânio aberto. Jesus inclinou-se e soprou sua boquinha. Em instantes abriu os olhos e se atirou em Seus bra- ços. Chorava. Não de dor, mas do trauma. Os fari- seus chegaram aos berros: “O Sumo Pontífice Te intima a sair do Templo junto com este profanador pagão! A Ordem é que nunca mais ponhas os pés aqui!!”

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“Ninguém pode proibir um fiel israelita de rezar junto ao Santo!” “Mas de pregar, sim!! Que venhas apenas como um fiel.” Jesus perguntou quem eram os sacerdotes do turno. Ninguém menos que Doras, Felix e um outro. “Já entendi. Ide dizer aos Meus acusadores que o Templo não é Israel. E Israel não é o Mundo! E que a baba dos répteis, apesar de venenosa, não abafará a Voz de Deus. Eles procuravam um pretexto e encontraram!…”

PAGANISMO

Mais tarde no Getsêmani Jesus ceava em silêncio. Na opinião de Judas o contato com os pagãos era excessivo. E Jesus questionou: “O que é Paganismo?” “É seguir religião falsa e adorar vários deuses.” “Quais são esses deuses?” “Os da Grécia, de Roma, Egito…”

“Diria que há muitos outros deuses adorados até por discípulos. Todos têm um Culto secreto. Uns pela beleza, pelo saber; outros queimam incenso para serem grandes; outros adoram mulheres, luxo, bebida, carros, etc. Portanto, como desprezar pagãos se conhecendo o Verdadeiro Deus continu- ais como eles?”

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NICODEMOS

Era noite quando Nicodemos subiu ao Horto das Oliveiras. “Perdoa-me em vir Te falar em segredo. Desejo ajudar-Te apesar de não Te seguir aberta- mente. Fui aconselhado por José a mantermos o anonimato para não nos barrarem nas reuniões do Sinédrio…”

“Eu me afastarei de Jerusalém!” “Será tremenda dor a mim, a José e Lázaro. Ele aconselha que vás para uma propriedade dele. Lázaro é muito rico. Boa parte da cidade é dele, além das terras que herdou. Um patrimônio incalculável proveniente da velada amizade de seu pai com os de Roma. Sem esta proteção não teria escapado às injúrias e o desprezo com os escândalos da irmã. Sua vida adúltera foi acobertada em Tiberíades, verdadeiro antro de prostituição. Penso que deverias estar sob a proteção de Lázaro.”

“Não! Serei um Rabi solitário assim como Batista. Falarei aos que forem capazes de crer que Sou a Voz de Deus.” Nicodemos olhou para João: “João! Como pudeste crer dessa maneira?…” João ficou corado. Inclinou a cabeça como que pedindo des- culpa: “Amando…” “E tu Simão, homem douto que entra na velhice?” “Meditando…”

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“Nicodemos. Eles souberam renascer com um Espírito renovado e livre de todas as cadeias. É tornar-se virgem das velhas ideias. Quem não nascer de novo não verá o Reino de Deus. Falo do Espírito que renasce pela Água e pelo Espírito. Quem se limpou com Água deve purificar-se também no Espírito e começar a viver no Seio de Deus já a partir desta Terra. Tudo que é gerado da carne um dia morre. Mas o que é gerado do Espírito quando atinge a idade perfeita, volta ao Espírito Criador.”

“João matou os desejos da carne e fez renascer o Espírito com o fogo do Amor. Simão também ar- rancou a corroída planta do Templo e deixou sur- gir novos pensamentos. Agora ama a Deus com Es- pírito novo e O sente próximo.”

“Cada um tem seu método. Todo vento é bom, con- tanto que se saiba usar a vela. Sentis soprar o vento mas não sabeis de onde vem nem para onde vai. É o Espírito Divino que chama e passa. Quem está atento segue a Voz que o gerou.!”

“É preciso ser como a borboleta capaz de arreben- tar as teias que a aprisionavam e passar além. Morrer para viver… Morrer para dar-vos a força de morrer…”

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ADEUS JERUSALÉM

Decidido a abandonar Jerusalém Jesus foi até Lá- zaro. “Mestre. Dá-me a alegria de Te ser útil. Dos lados de Efraim tenho uma casa, na verdade um depósito onde empregados guardam utensílios. Às vezes dormem lá.” “Se eles dormem lá será mais que suficiente para nós!”

“Pedirei então, que Marta vá com os servos arru- mar tudo. Mas continuarás vindo aqui, não é?” “Sim. Mas ficarei em casa de Simão ao lado. Sei que a compraste no anonimato para que pudésse- mos usá-la. Tua alma é repleta de Bondade e fazes tudo em segredo por impulso natural de humil- dade. E Deus te reserva uma recompensa.” “A conversão de Maria!?!” “Esta e outras mais!…”

O lugarejo de Águas Belas ficava numa região fér- til. A ampla casa de paredes caiadas e chão de terra batida tinha boa cozinha, três quartos grandes, além de um cômodo maior, talvez a estrebaria. Fora, um terraço coberto, um poço, uma videira e uma fi- gueira que lhes proporcionava sombra e repouso. Cada um assumiu uma tarefa. Judas porém, deu o seu show. Achou tudo horrível. E o pior, longe da civilização. Não entendia nada de tarefas domésti- cas e só resmungava.

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Já na primeira pregação Jesus saudou a todos. De- pois disse: “O homem acha que a vida começa com a respiração, e morte quando para de respirar… Mas não é bem assim. Vida não é a existência! E existência não é a vida! A Vida que falo não co- meça no ventre da mãe. Começa no Pensamento de Deus! Desde a concepção um Espírito lhe é infun- dido e o coraçãozinho está vivo conforme Seu Cri- ador. A vida não termina num Cemitério mas so- breviverá feliz, ou em seu castigo, pelos Séculos dos Séculos. Sendo dom de Deus deve ser conser- vada como coisa Santa.”

“Portanto acordai! Parai apenas de existir… Co- meçai a viver! A morte não será o fim, mas o início de um Dia sem fim. Agora ide. A cada dia vos fala- rei sobre a Eterna Verdade que vos trará a liber- dade de filhos de Deus. Que o Senhor vos aben- çoe…”

EU SOU TEU DEUS

No outro dia havia o dobro de pessoas. Um rapaz ao vê-Lo tentou fugir. Jesus foi atrás. “Tens medo do teu pecado? Vem! Vamos chorar juntos.” E a sós o rapaz se prostrou aos prantos.

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“Matei minha mãe e meu irmão para torrar com mulheres! E tudo virou pesadelo!! Com elas sinto o gelo da minha mãe morta e os gritos do meu irmão envenenado. Malditas mulheres!!”

“Não amaldiçoes! Eu tomo sobre Mim teu enorme pecado e seu peso me quebra os membros… E re- zou: “Pai!! Também por ele Meu Sangue será der- ramado. Perdoa Pai!.. Agora vai rapaz… Ainda te cabe espiar o que resta de teu terrível delito com uma vida de penitência, limpa e honesta. Não peques mais!…”

E voltou a pregar: “Quando Deus se manifestou no Sinai, disse: ‘EU SOU DEUS! E estes são os raios preparados aos rebeldes.’ Os Céus estavam fecha- dos e as lâminas da Justiça pesavam sobre os maus. Agora chegou o Justo e a primeira palavra que o Pai diz é:

“EU SOU O SENHOR TEU DEUS!”


“Não existe instante em que essa Palavra não es- teja escrita em algum lugar. Da erva à estrela, do fogo aos lírios, da luz às trevas, da saúde à doença. Não fecheis os olhos e os ouvidos.”

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“Não tenteis estrangular a consciência para não ouvirdes Minha Voz. Sou um Deus Forte e Ciumento. Virá o momento em que Me vereis em todo lugar. No sorriso da criança, na lividez de quem morre, na embriaguez, no turbilhão dos negócios e no repouso da noite. Esta Voz jamais cessará!…”

“EU SOU O SENHOR TEU DEUS!”


“Não essa carne que tu beijas com loucura. Essa droga que devoras com voracidade… Não o ouro que escondes, nem tua posição de comodismo. De nada adianta estar sozinho ou dormindo, nem ata- refado para fazê-la calar. Sou o Amigo que não te abandona. Hóspede que não expulsas. Quero te ar- rancar dos vícios, da fraqueza, dos apegos. De qual escravidão queres te livrar? Todo déspota morre um dia. Satanás não morre. É Eterno. Os pe- cados e vícios são flechas que corroem tua carne. Porém todos os que vierem a Mim ouvirão o Altís- simo dizer:

“EU SOU O SENHOR TEU DEUS
que te atrai a Mim livre e feliz!

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SUBLIME BELEZA

No outro dia debaixo de forte chuva a voz de Jesus ecoava pela estrebaria. Havia quase cem pessoas; quatro bem doentes. E Jesus iniciou:

“Foi vos dito: ‘Sou Deus Forte e Ciumento’ que visita a crueldade dos que Me odeiam. Mas uso de Misericórdia até a milésima geração aos que Me amam e seguem Meus Mandamentos. Deus é Oni- presente fechados no quarto, no meio da multidão, diante dos benfeitores ou déspotas que liquidam vi- das. Estamos todos em Sua Presença, igualmente nossas ações. Deus jamais se esquece do que vê.”

“E como seria o Rosto desse Deus Perfeitíssimo que não pode ser representado dignamente? So- mente o Espírito consegue entrever Sua incorpórea e sublime Beleza, ouvir Sua Voz, sentir Sua carícia quando se revela a um merecedor desses Contatos Divinos…”

“A imagem que não foi possível fazer do Verda- deiro Deus fizeram dos falsos. Muitos levantam al- tares aos seus bens, ao seu físico, à inteligência, aos triunfos pessoais, profissionais ou bélicos. Ido- latram os prepotentes, os ricos e a si mesmos…”

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“Amam seus cabelos, suas roupas, joias e seu poder de sedução. Quantas palavras mentirosas para bajular, conquistar, enganar, corromper, seduzir. Quantas tramoias para a vingança, comércio ilícito, prestígio, fama, prostituição… E não seriam Satânicos estes cultos do prazer, corrupção e co- biça?… Uma idolatria dos que esquecem que existe Deus?”

“Se vos foi dito: ‘Sou Deus Forte e Ciumento’ ne- nhuma Força é mais Força que a Dele. Sois livres para agir; Satanás é livre para tentar. Porém quando Deus diz BASTA, Satanás não pode mais tentá-lo. Existe um limite, além do qual Deus não permite que se vá. Ele vos ama e sabe o que vos prejudica e o que pode vos separar Dele. E perdoa até a milésima fraqueza dos que caem, não por ma- lícia, mas por irreflexão ou por ciladas Satânicas.”

“Destruí as mentiras, as ideologias, os vícios, dis- trações e ídolos fabricados pelo Mundo. Dai lugar ao Verdadeiro Deus. Deixai somente ELE. Ele é Tudo! Desejai iniciar esta Convivência que se aperfeiçoará com o tempo na intimidade e na Ver- dadeira Alegria. Uma convivência com um PAI e Amigo que vos ama muitíssimo e deseja estar próximo…”

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ILUSTRE HÓSPEDE

A notícia se espalhava. A cada dia mais e mais pes- soas chegavam, inclusive um primo de Herodes que causou agitação entre os discípulos. Jesus os advertiu e iniciou lembrando: ‘Não proferir Meu Nome em vão.’ Pode um filho dizer ‘eu honro meu pai’ se faz tudo errado? Da mesma forma não é di- zendo ‘Senhor, Senhor’ que se ama a Deus. Como disse existem muitos ídolos ocultos e louvores hi- pócritas… É a tendência de achar pecado em tudo, menos em si mesmo. Israel tem o soberbo costume de achar blasfêmia o Nome de Deus nos lábios pa- gãos. Querem barrar a aproximação como se fosse sacrilégio…”

“A partir de agora não será mais assim. Deus de Israel é o mesmo que criou todos os homens. Pen- sais que os pagãos não sentem uma certa inquietação que os agita? É o Deus que não conhecem mas que está gravado em suas almas. É o desejo despertado que diz: ‘Eu vou!’ Ao Deus que diz: ‘Vem!”

O rapaz da corte pegou seu cavalo enfeitado e pa- recia que ia embora. Jesus foi até ele. “Tens onde dormir?” “Vou procurar algum povoado ou talvez volte a Jericó onde deixei a escolta.” “Eu te ofe- reço minha cama. Está pronta. Tens alimento?…”

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“Não. Pensava que fosse encontrar um lugarejo melhor.” “Aqui nada falta.” “Nada? Nem ódio contra Herodes?? Sabes quem sou???” “O nome dos que Me procuram é um só: Irmão!… Vem. Vamos repartir o pão juntos. Abriga teu cavalo no quarto grande. Dormirei lá e tomarei conta dele…”

“Nunca!! Aceito o pão e nada mais. Não porei meu corpo onde deitas teu Corpo Santo.” “Achas que sou Santo?” “Sei que és Santo. Tuas Palavras res- soam pelo palácio como concha que conserva o ru- mor das ondas. Eu costumava ir ao Batista depois o perdi. Ele havia dito: ‘UM que é mais do que eu te recolherá e te elevará.’ Não poderia ser outro senão Tu!” Por fim o ilustre hóspede guardou o ca- valo e entrou na humilde cozinha para cear.

NOME  MILAGROSO

No outro dia eram centenas de doentes, possessos e idosos vindos de longe. Jesus avisou: “Comprem mais pão e os que moram longe ficam conosco. Ce- deremos nossos quartos.” Havia mais de trezentas pessoas embaixo do telheiro. Um menino encefá- lico gania, babava e sacudia a cabeça grandalhona. Jesus chegou mais perto. “Eu quero em ti a Luz da inteligência para abrir caminho à Luz de Deus!”

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“Diz comigo: ‘Jesus!’ Ele balbuciou alguma coisa. Pediu outra vez. “Je….su…” “Outra vez!!” Final- mente falou Jesus com um sorriso radioso. Jesus disse ao pai: “Tiveste fé… Teu filho está curado. O Nome de JESUS é milagroso!”

Após a cura alguém gritou: “Foi Tua vontade ou foi Teu Nome que o curou??” “Foi a Vontade do PAI e também Meu NOME que é Salvação. Toda doença espiritual ou física tem as garras de Sata- nás. Dizer Meu NOME com fé reverte isso. Quando há alguém transtornado e for motivo de tormento aos demais, lembrai que ele está sendo instrumento de Satanás. Ensinai o Nome que o afugenta…”

HONRAR PAI E MÃE

“Diz o Mandamento: ‘Honrar pai e mãe!’ porque depois de Deus eles são os doadores da vida. São nossos primeiros mestres, primeiros amigos e pri- meira Escola. A vida seria a segunda. Tomam conta de nós até quando já sabemos o indispensá- vel e depois nos deixam quando o ‘viver’ ainda deve ser aprendido… Mas os jovens fazem amiza- des impróprias.”

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“Tornam-se causa de lágrimas e dores. Mas seus atos não serão esquecidos. Mesmo que estes pais supliquem clemência pelo filho culpado… Honra teus pais se queres viver longos dias…”

“Mas atenção! Que os filhos possam escolher seus esposos espelhados nas vossas Virtudes. Se fosse esgotar os argumentos sobre o Amor aos pais pas- saria a noite falando. Que o Espírito de Deus vos diga o resto. Ide! A Paz esteja convosco…”

Jesus ia começar a refeição quando apareceu uma mulher chorando e foi atendê-la. “Mestre, parece que falaste para mim. Meu filho desviou-se com amigos devassos e hoje é depravado… Meu marido quer expulsá-lo. Como mãe sofro mortalmente. Ah! Se Te ouvisse ”

“Tens fé por ele??” “Sim! Eu ceio!” “Pois então vai. Quando chegares encontrarás teu filho arre- pendido. Quando Eu digo: ‘PAI tem Piedade dessa mãe, Ele tocará o coração de teu filho. Um dia irei àquela região e orgulhosa tu virás com ele. Mas lembra-te. Quando vier chorando te pedir perdão, dirás: ‘Foi por Jesus que renasceste para o Bem.’ Fala de Mim para que ele tenha a Força que salva… Agora vai. ”

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NÃO FORNIQUEIS

De cima dos cavaletes Jesus começou. “Hoje quero vos falar um assunto sério: ‘Não forniqueis!!’ Mas vos imploro que não fiqueis procurando a palavra luxúria na testa de ninguém. Luxúria não é apenas a hora de prazer com a prostituta… Luxúria tam- bém pode ser uma união profanada com a própria esposa! Vício legalizado para satisfação recíproca que foge das consequências dessa união.”

“Matrimônio significa procriação e ato sexual deve ser fecundação. A semente é o homem; a mu- lher é a terra, e fruto o filho. Recusar-se a produzir fruto é pecado. Torna-se um vício do leito conjugal nada diferente do praticado com prostitutas…Ó mulheres que intencionalmente sois estéreis! Po- deis ser fêmeas e fornicar igualmente mesmo sendo só do marido. Sois parte de um ato vicioso que não busca a Maternidade. Mas unicamente o pra- zer!…Este é o tóxico que contamina e deixa entre uma febre e outra o sabor acre de cinza, a náusea e desprezo por si e pelo companheiro de prazer… E nem Me refiro às inconcebíveis e abomináveis uni- ões homossexuais. Homem! Não te aproximarás de outro homem como se fosses mulher! E não te uni- rás a nenhum animal, porque é perversidade e de- gradação!…”

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“Depois de acenar para casamentos que deixam de ser santos por malícia ou intenção pessoal, venho falar sobre a fornicação em si por compensação e presentes… O corpo é um magnífico Templo que guarda um altar, sobre o qual deveria estar Deus! Mas se Deus não fica onde há corrupção, a criatura passa a ser semelhante ao que se revolve no próprio vômito tornando-se pior que verme.”

“Olha tuas feridas! Valeu a pena?? Tu que hoje vi- ves emporcalhada serias tão insensível para não soluçares ao ouvires a palavra mamãe?… Não te comoves ao ver uma noiva? Não sentes nojo do olhar de desprezo dos homens com quem te deitas? Não te sentes miserável quando tens vontade de um beijo de criança, mas pelas vidas que tiraste já não tens coragem? Não tremes diante de Quem te criou e que te perguntará: ‘O que fizeste de ti menina?…’

“PAI!! Também por essas almas Me fiz Redentor! Por que não acolher esta ovelhinha… Limpá-la, dar-lhe Meu Amor?… Não chores ó alma atormen- tada. És um trapo… mas podes te tornar uma Flor! És um animal impuro mas podes te tornar em anjo. Um dia foste assim! Dançavas sobre os prados flo- ridos. Cantavas canções de menina. E depois??… Por que arrancaste as asas da tua inocência? Por- que violaste a ti mesma??…”

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“Arrependa-te, filha de Deus! Procura ter um novo nome junto a Deus. Se soubeste martirizar teu corpo para gozar, saiba martirizar a carne para dares a Eterna Paz ao teu coração. Meditai. Cada um com seu peso e seu pecado. Deus não rejeita ninguém que se arrepende. Ide agora. ”

SOIS TODOS ALMAS

Chovia tanto que não havia peregrinos. Pedro saiu para ver o tempo. A mulher velada estava lá fora pegando alguns feixes molhados. “Aquilo não vai ascender nunca! Vou segui-la…” E foi…

“Mestre, diga-nos quem é ela ” “Uma alma! Sois todos almas. Umas azuis, rosas, douradas, almas de piche. Sempre almas. Repouso entre as róseas e azuis dos adolescentes bons. Alegro-Me com as preciosas dos justos. E Me canso com a dos peca- dores. Rostos, corpos, aparência física, poses. Eu vos conheço pelas almas.”

Pedro voltou impressionado. “A toca está alagada! Ela treme de frio com as vestes molhadas. Afirmou que não é leprosa. Não tem comida. Mas se recu- sou a vir. Um dia vamos encontra-la morta!”

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Após o consenso decidiram acolhe-la naquele dia. “Mas advirto-vos!! Por motivo algum deveis ir ao quarto grande. Respeitai-a!…”

SÉTIMO DIA

Amanheceu mais ameno e muitos vieram. Um me- nino com os ossos da bacia expostos chorava muito deitado numa tábua. “João! Queres vir Comigo en- quanto Eu falo?” A mãe disse que a dor seria in- suportável. “Vens Comigo??” “Sim…”

Jesus o pegou no colo e subiu no estrado. “Foi vos dito: ‘Trabalha santamente e no sétimo dia dedica ao Senhor!’ Deus fez a Criação em seis dias e des- cansou no sétimo. Se santo é o trabalho, mais santo é o Amor, e Santíssimo é o Nosso Deus! Por isso dai a Ele um dos sete dias que vos dá e arrependei- vos dos erros cometidos.”

“E poderíeis dizer: Somos fracos e cairemos outra vez! Seria o caso desse menino dizer que não quer mais andar com medo de cair!… Ah! Se pudésseis ter a fé desse pequeno que crê que tudo é possível. Uma alma simples que por sua confiança foi total- mente curado.”

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“Foi vos dito também: ‘Não Matar!’ Quem eu feri? Um homem?… Para Deus não há distinção entre os homens… A vida e a morte só o Pai pode dar ou tirar. Se mato o fruto junto da mãe Deus me pedirá conta dos dois!… Um ventre que recebeu o prêmio de gerar é Sagrado, pois gera algo Sagrado que é a Vida! Não unais homicídio à vossa luxúria. Deus tudo vê e de tudo se lembra.”

Sua voz tornou-se intensa. “Patrão que bate no es- cravo é duplamente culpado!” E apontou o fundo: “Assassino! Hipócrita!! Fora! Basta!! Posso fa- lar assim pois Sou A Divina Palavra que traduz o Pensamento Divino!”

Ao fundo via-se Doras, esquálido, amarelo, doente. Sai da minha casa!..” “Eu vou… Mas logo acer- tamos as contas…” “Logo??… É para já! O Altís- simo está à tua espera!” “Ha! Ha!.. Seu maldi ” Doras parou, cambaleou e caiu morto!

Os discípulos de Batista contaram que ele foi se pu- rificar, mas João se negou. Jesus aproveitou para revelar a Grandeza de sua alma: “Ele foi livre do Pecado no ventre da mãe. Portanto, nesta Terra apenas Três possuem a Sabedoria: Cristo, Maria e João… E no Céu são Três os que são Sabedoria: Pai, Filho, Espírito Santo!”

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“Oh! Mestre! Tu és a Imensidão da Misericórdia e João a imensidão da Humildade…” “E Minha Mãe a imensidão das Virtudes concedidas aos Santos!”

NÃO TENTARÁS TEU DEUS

Jesus voltou ao assunto de Doras. ‘Não tentarás Teu Deus!’ Tentamos a Deus ao impormos nossa vontade. Ao agirmos contra as Leis ou quando per- doados voltamos a pecar. O Eterno é Misericórdia, mas cheio de severidade com os que não querem mudar. Doras foi fulminado pelo Fogo da Ira Di- vina. Queria o Batismo como algo mágico que o curasse e o livrasse da ruína financeira. Para isso valia tudo. Inclusive os graves delitos. E bastava se arrepender. Mas era um completo idiota. Só amou a si mesmo e seu dinheiro. ”

“Pedir Batismo foi uma afronta a Deus! E bastava arrepender-se para ter seu destino mudado. Mas era um completo idiota. Só amou a si mesmo e ao seu dinheiro. Preocupou-se apenas com a miséria de suas terras e não a Miséria Eterna! Doras fazia ofertas no Templo, mas nunca ofereceu um sacrifí- cio espiritual ou se afastou do mal. Nunca pediu perdão. Ofertar dinheiro trapaceando é o mesmo que convidar Deus para ser seu cúmplice!..”

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“Em seu rico palácio parentes estão velando o cadáver inerte que logo será sepultado… Ah! Que grande pesar. Sua alma será para sempre separada dos que um dia amou… O ódio os manterá dividi- dos. Melhor se chorasse por si mesmo e não os ou- tros…. Agora ide!! Sem ódios ou comentários!…”

BANIDO DO MUNDO

De repente um grito. “Filho de Davi tem piedade!! Estou infectado e vou ser banido do mundo!…” Muitos quiseram apedrejá-lo. A mãe aos prantos implorava piedade.

Afinal ele contou: “Eu trabalhava com meu pai atendendo clientes em Jericó. Apaixonei-me pela esposa de um deles e com ela pequei muitas vezes. Não tínhamos doença alguma. Porém… Não sei se ela teve outros e contaminou-se. Murchou rápido.” “Está como morta viva confinada nos sepulcros. Senhor!! Fui tentado!! Pequei!!”

“Enquanto pecavas não lembraste de tua mãe muito menos de Deus. Sabias que era errado. Me- recias morrer sem Piedade.” “Não! Tem Piedade! Tu podes!…”

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“Deus tudo pode se prometes nunca mais pecar!” “Prometo! Eu prometo! Mãe! Mãe! Ajuda-me com teu pranto!” A mãe já sem voz sabia que era sua última chance. “Levanta mãe! Teu filho está curado por tua causa. E lembra-te rapaz. Deus te curou para que sejas um homem justo, honesto e hon- res tua mãe…”

E aos que quiseram apedrejá-lo, ressaltou: “O ra- paz esqueceu que é proibido endeusar o que não é Deus! Esqueceu que é proibido desejar a mulher do próximo; não matar a si mesmo nem a própria alma.”

“O homem é fraco! Nas coisas más ele deseja e re- aliza. Nas boas ele deseja, para, e retrocede. Ten- tação não deixa de ser obra do Demônio. Mas se transforma em Glória aos que a vencem. Marido que vai atrás de outros amores é assassino da es- posa, dos filhos e de si mesmo!…”

Enquanto Eu fazia o milagre àquela pobre mãe, vós gritáveis de repugnância à lepra!! Eu grito de horror à luxúria…. As misérias estão à Minha volta. Mas prefiro tocar num justo em decomposi- ção do que naquele que tem cheiro de luxúria. Sou o Salvador! Mas Sou também o Inocente. Lembrai- vos sempre disso!…”

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OLIMPO PAGÃO

André avistou um possuído que chegava em um carro de luxo. O irmão O saldou. “Salve Mestre! Acaso teu Olimpo expulsa do nosso Olimpo?…” “Meu Deus Uno e Trino reina sozinho!” “Então vim em vão. Sou de outro deus…”

“Saiba que toda alma é criada por um só Deus!” “Alma??” “Sim. Este algo Divino que sobrevive além da vida.” “És filósofo?!” “Sou a Razão unida a Deus.” “O que é Deus??” Jesus respondeu com uma citação do filósofo romano Galeno.

“Como o conheces?” Jesus sorriu. Respondeu com outra citação do filósofo. “Isso também é do Ga- leno! Agora sei que além de médico e mago, és fi- lósofo!” “Não sou médico, mago ou filósofo. Sou o Testemunho de Deus sobre a Terra. Trazei-Me o doente.” E ordenou ao possuído: “Deixa o homem e volta ao teu abismo!”

Jesus sabia que a cura do pagão havia causado es- cândalo. E disse: “Os romanos vieram sem saber nada sobre Deus ou a alma. Achais que somente eles ignoram a Verdade? Pensais que vim somente para Israel? Não! Vim reunir todas as Raças num só lugar: O Céu!”

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“Os romanos acreditaram no Deus Desconhecido. No Grande Escarnecido e caluniado de Israel. Cu- rei-os pela fé errada e pus em seus lábios a sede de conhecer o Verdadeiro Deus!”

NOVOS TEMPOS

Entre milhares de pessoas os fariseus mais pare- ciam cães farejadores querendo difamar Jesus. Ma- teus e Pedro foram chamar os primos Tiago e Judas Tadeu que teriam mais facilidade para enfrenta-los.

E cheios de Sabedoria argumentaram: “Este é o Tempo Novo!… Chegou como uma flor depois de Séculos de preparação. A obediência às Leis nos deu chance de compreender melhor a Palavra do Mestre. E sendo Tempo Novo o Mestre tem novos métodos cheios de Misericórdia e Amor ”

Quando saíram, Pedro exclamou: “Como falastes bem!!” “Aprendemos tudo com Maria! Somente Jesus pode falar ainda melhor! Mas nada se com- para à sua doçura. É como óleo perfumado que se impregna num pano. Mesmo removido, o seu per- fume continua para sempre ”

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Jesus saía da cozinha abraçado a um menininho. “Este homem de quatro anos quer ser discípulo para pregar, curar crianças e num monte gritar alto: “Vinde! Aqui está o Messias!!”

Tomé quis provoca-lo: “E quem é o Messias??…” “Jesus de Nazaré!” “E o que quer dizer Messias?” “Quer dizer… aquele que foi enviado para ser bom e ensinar a ser bom!” “O que fazer para ser bom??…” “É só querê-Lo bem… e aí… Ele faz tudo!!..” Jesus sorriu: “A lição foi dada! Queira- Me bem e Meu Amor realizará tudo em ti… O Es- pírito falou por este menininho!!…”

Ao passarem pela moça velada, Jesus pediu que dissesse: “A Paz esteja contigo!…” “Por que???” “Porque assim o choro dela vai passar.” E ele gri- tou: “A Paz esteja contigo!!.. Foi o Messias que me mandou falar! Se tu O amar Ele te amará e te cu- rará!…” De fato Asrael era um pregador nato.

FALSO TESTEMUNHO

Noutro dia Jesus começou. “Não dirás falso teste- munho!” Existe algo pior que um mentiroso? É o assassino que não derrama sangue mas fere mor- talmente a honra. Nem falo dos que jurando em falso mandam matar milhares de pessoas! Estes já estão no Fogo do Geena.”

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“Eles mentem por três razões: Por ódio, avidez e por medo. O bom não odeia. Nunca. Mesmo prejudicado, ele perdoa…”

“Ódio é o mais claro testemunho de uma alma per- dida. Quem odeia não perdoa quem é bom. Domi- nado pelo orgulho quer esquecer que pode ser des- mascarado. É como bêbado embriagado pelo vi- nho Satânico. Não se lembra que Deus é mais forte e se encarrega de fazer Justiça pelos prejudicados. Em geral a pessoa calunia para tirar a culpa de si mesmo. Acusa um inocente que por vezes assistiu a má ação. Procedei bem e nunca tereis necessidade de mentir.”

“Ao mentir vos sujeitais ao Demônio pelo pavor de serdes desmascarados ou cairdes em contradição mesmo depois de anos… Como é bela a boca de quem não mente. Pode ser pobre, rústico ou igno- rante. Mas será sempre um rei, pois sinceridade é mais nobre que uma coroa. Eleva o homem e forma uma corte de bons à sua volta.”

“Segurança é o que se sente ao lado de um sincero. Com quem mente é sempre um incômodo pois perde a credibilidade até quando diz a verdade… Sede bons e muitos vos defenderão.”

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“Mentira é tão velha quanto o mundo, e o Juízo de Deus continua o mesmo de sempre! Portanto, tende a espontaneidade das crianças que por instinto procuram a verdadeira Bondade. Aquele que de- seja sempre mais envelhece cedo fulminado pela inveja. Não é a coroa que afasta a Morte. Nem o dinheiro…”

Jesus ainda falava quando alguém gritou: “Hero- des é culpado??” “Sim. É culpado de idolatria por adorar a carne mais que a Deus; de adultério, de roubo e logo de assassinato…” “O que ele rou- bou?” “A esposa de seu irmão!…”

“Mulher dá o que é dela!” “Não! O corpo criado por Deus é o Templo da alma… A Verdadeira Lei não vos oprime com proibições excessivas. São apenas dez. E por cima de tudo o ouro mais Sa- grado: ‘Amai a Deus e ao próximo!’

“Recordai as amargas consequências dos erros de Israel. Depois que adoraram o Bezerro de Ouro veio a Ira do Senhor que trouxe o Cisma que divi- diu a Nação. Depois que o Paganismo se instalou vieram as desventuras Espiritual, Econômica e Nacionalidade que a Nação enfrenta até hoje.”

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SONHO  DE  PEDRO

Durante a ceia Pedro indagou: “Este ano vamos acender as lâmpadas?” “Sabíeis que nasci no Dia vinte e cinco de Casleu, Festa das Luzes?!” “De- vem ter feito muita festa em Nazaré!” “Não nasci em Nazaré, mas em Belém!”

“Senhor, conta mais sobre a Tua vida! Nunca sei responder quando me perguntam. O que um lago e alguns peixes poderiam me ensinar?… Só silêncio e constância. Os peixes constantes em fugir e eu constante em pegá-los. O barco treinou minha força e a me manter estável na agitação. Mão no leme; olhos na estrela. Coragem, perseverança e atenção. Só isso essa pobre vida me ensinou!”

Jesus olhava-o admirado. “Achas pouco??… Tens tudo para ser Minha Pedra! Serás o Eterno Mari- nheiro e dirás aos que vierem depois de ti: ‘Olhos fixos em Jesus! Firmes no leme, força, e perseve- rança. Em ondas agitadas manter-vos firmes…”

“Vais me dar um filho?? Disseste ‘aos que vierem depois de ti.” “Não, Pedro! Não terás um. Mas mil, dez mil filhos no Mundo! Não desejas pescar ho- mens?…”

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“Ah! Mas seria tão doce ouvir ‘pai’” “Terás tantos que nem conseguirás contar e a eles darás a Vida Eterna!” Jesus foi tão doce fazendo-lhe essas Pro- messas que Pedro engoliu seco e viu sua esperança de paternidade morrer…

UM ANO SE PASSOU

A saudade da Mãe era enorme. Numa carta ela pe- diu que saíssem de Águas Belas para não correrem riscos. Depois contou: “Joana me convidou para a Festa das Luzes, mas preferi ficar com Maria de Alfeu. Se ascendesse dez mil luzes ainda estaria no escuro… Não estarias conosco…”

“E pensar que naquela gruta escura eu tinha a Perfeita LUZ sobre o meu coração!… A LUZ do Mundo!… Ah! Meu Filho! Hoje fazes mais um ano e não tenho mais Meu Menino… Mas sei que cum- pres tua Missão e eu a minha… Não fiques aflito com minha dor. Ela é compensada pela alegria e as palavras dos que foram curados por Ti, na alma e no corpo… Filho!… Meu adorado e Santo Filho! Estou de braços erguidos como Moisés rezando por Ti. Estás em Batalha contra inimigos de Deus e contra os teus inimigos…”

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“Oh! Meu Jesus… a quem o mundo não ama… Eu Te abençoo e peço que me abençoes também.”

CHEGADA A BETÂNIA

 

A morte de Doras havia aguçado o Ódio em Jeru- salém. Jesus os acalmou. “O mundo precisará de Milênios para conhecer a Deus. Haverá sempre a lua Nova, lua Crescente, lua Cheia e lua Min- guante. A Religião será assim. Mesmo quando pa- recer morta, estará viva…” E anunciou: “Vamos embora de Águas Belas, mas voltaremos…”

 

A chegada a Betânia foi apreensiva. Madalena estava lá. Marta e Lázaro não sabiam como agir. Jesus com carinho avisou que ficaria na casa de Si- mão. “Minha casa não Te trouxe Paz?” “Sim! Tanta Paz que depois de Nazaré é o lugar que mais gosto de estar… Mas deixa-me agir…” “Sei que é por causa dela! Estava disposto a perdoá-la, mas se Te afastas eu a odiarei cada vez mais!” “E Me perderás…”

 

Marta surgiu chorando. “A Paz doce hospedeira. Estás desperdiçando lágrimas. Mesmo que zombe de Mim deixa-a em paz. Não é ela… É quem a pos- sui e a faz instrumento de tanta perturbação. Aqui está UM que é mais forte que ele!”

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Na antiga casa de Simão havia um espaçoso terraço na parte de cima. Pediu a Lázaro que avisasse a to- dos que falaria no final da tarde. E quis saber: “A morte de Doras agitou mesmo o ninho das serpentes?” “Mestre! Nicodemos contou que a reunião no Sinédrio foi de uma violência jamais vista. Que- rem Te pegar em pecado e condenar-Te!”

“Fica tranquilo Lázaro! Já dei motivos suficientes. Falei com romanos, com pecadoras, aliás uma de- las está na tua estrebaria.” Lázaro olhava-O com espanto. “Fiz Meu dever, Meu direito e Meu desejo. Tua irmã não será a primeira nem a última…”

Ao entardecer muitos vieram: “Mesmo se Me ca- lasse os ventos levariam Palavras do Meu Amor e o Ódio dos outros. Foi este Ódio que Me trouxe de volta. E por que vos perturbar com o que fazem os maus? Credes que sejam felizes? Não! Deixai-os!”

Lázaro avistou Madalena e se inquietou. Jesus ele- vou a voz: “Que diremos desses infelizes? O mo- mento chegará. Ou pelo Amor de Deus ou porque sentirão nojo do mau cheiro que exalam. São al- mas que por leviandade ou ociosidade perderam o Esposo Eterno. Pobres almas surradas, zombadas e feridas. Somente Deus para curar e revestir essa criatura com Nova Veste…”

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O povo agitava véus e ramos enquanto Jesus se afastava com Lázaro. “Não te preocupes. Mada- lena não foi vista. Se quiser zombar que zombe. Se quiser chorar, que chore. Se quiser ficar, deixa que fique. Se preferir fugir, que fuja! Este o segredo: Paciência, bondade, constância, oração… Nada mais! Qualquer outra atitude é perigoso com cer- tas doenças.”

NATAL DE JESUS

No dia seguinte era Festa das Luzes. A majestosa casa estava ainda mais deslumbrante. Milhares de luzes espalhadas pelos jardins. Jesus passeava de cabeça baixa encobrindo um sorriso repleto de se- renidade e Paz. Simão foi até Ele. “Devemos en- trar.” “Sim. Preciso afastar a ideia de que não Me sinto bem aqui.” “Mestre, não imaginas quanto choro. Ontem Madalena entrou enfurecida dizendo insolências. Depois saiu indecente para grande farra!”

“E desejam um Milagre imediato? Até posso fazer. Mas não quero nada forçado… Primeiro faço o apelo. Dou a primeira ajuda. É como se Eu abrisse um sepulcro onde alguém está meio vivo. Deixo en- trar a Luz. E espero.”

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“Se esse espírito estiver desejoso de sair ele sai. Senão, enfia-se ainda mais no abismo!”

“Olha para o céu, Simão! No Meu Céu alguns serão apenas poeira de astros. Aspiraram o mínimo para não serem condenados. Outros serão resplandecentes. São os justos que colocaram sua vontade unida à Minha. Haverá os Planetas esplendidíssi- mos. Os que se enamoraram até a morte pelo Ima- culado Amor…”

“Mas haverá alguns que serão Minha Glória de Redentor… Os que perdoaram e fizeram no tempo que lhes restava, tudo que não fizeram em anos de pecado. Heróis que souberam esquecer que existe sensualidade. Exemplos que atrairão olhares de todos. Agora entremos.”

A belíssima ceia ia começar. Marta recebeu elogios pelos preparativos e pela quantidade de lâmpadas acesas. Lázaro entrou sorridente. “Paz e benção, Mestre! Muitos anos de santa felicidade. Disse- ram-me que nasceste neste Dia das Luzes. Obri- gado por estar aqui.”

E para surpresa de Jesus, além dos discípulos, vie- ram os amigos, vizinhos, os pastores, dignamente vestidos com vestes doadas por Lázaro.

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“Que Deus abençoe a todos. Só falta Minha Mãe para Minha felicidade. É Meu primeiro Natal sem Ela. Vossa presença Me consola da falta que Ela me faz… Marta! Somos uma família. Que caiam as regras e vença o Amor. Senta-te aqui e que entre Mim e ti haja uma lâmpada acesa por todas as au- sentes, as amadas, as esperadas e as distantes…”

A princípio os pastores estavam acanhados. Aos poucos foram se animando e trouxeram à tona O Nascimento de Jesus! Com grande entusiasmo lembraram os detalhes descrevendo a convivência com o pequenino Jesus…

Pedro foi ficando cada vez mais nervoso. Não se conformava de não saber o que os outros sabiam. “Mestre!! Eu tenho razão! Por que não sabemos de nada??” E chamou os outros para engrossar o coro das reivindicações.

“Fiz isso para provar vossa fé. Agora contarei o que nem os pastores sabem. Quando chegou o tempo da Graça, Deus preparou para Si a Sua Vir- gem, pois não poderia morar onde Satanás havia deixado sua marca. Deus Trino criou Seu próprio Tabernáculo contra todas as regras da procriação. E fez nascer Sua Filha Perfeita totalmente sem má- cula!”

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“Do Fogo Divino, Gabriel recolheu sua Centelha Imaculada, a alma da doce e eterna Menina e a trouxe ao ventre de Ana. Desde então Deus pôde olhar para a Terra sem sentir desgosto por tê-la criado. Assim nasceu a pequena criatura amada por Deus e pelos Anjos… Minha Mãe foi a Menina do Templo dos três aos quinze anos. Virgem desde sempre, virgem continuou.”

“Somente a José poderia ter sido entregue o Lírio de Deus! Esposo justo que lhe permitiu permane- cer inviolada até o fim… Sendo Anjo na alma e na carne, Maria amou como amam os Anjos. Um forte Amor que teve ternuras conjugais sem ultrapassar a barreira do Fogo Celeste. Algo que será compre- endido por poucos.”

Jesus sorria ao se lembrar. “Maria esperava seu ca- samento quando Gabriel lhe pediu para se tornar Mãe. Zacarias não acreditou Nele. Maria acredi- tou. E o Espírito de Deus desceu sobre a Sua Es- posa! Nesse abraço incutiu-lhe Sua Divina Luz aperfeiçoando em Sumo grau as Virtudes tornou-a Uma com a Sabedoria Divina!…”

Os pastores continuaram. “Eras um botão de rosa sobre o feno áspero. Choravas de fome e frio. Após ser envolvido na pele de ovelha e beber o leite quentinho, dormiste como Anjinho…”

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“Ah! Teu rostinho ficou impresso em nós; Tua voz, Teu sorriso… Foste crescendo e o mundo dos bons se deliciava de Ti. Os maus não Te viam. Nossa maior tristeza foi não termos notícias Tuas. Porque não confortaste os Teus servos?…”

“O Mistério sobre o Messias devia ficar ocultado. Isso explica a aflição de Maria quando estive per- dido durante três dias… Sentiram o terror de terem se descuidado da Salvação do Mundo…”

“Mas Minha resposta foi entendida. Era como se Eu lhe dissesse: ‘Não temas, Mãe! Se cresci em es- tatura, Sabedoria e Graça aos homens, sou Per- feito como Filho do PAI.’ Agora chegou o Tempo! Levantam-se os véus. O filho de José se mostra em Sua Natureza:

O Messias da Boa Nova.

O Rei dos Séculos Futuros:

Jesus

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Marjorie Dawe

"O REINO DE DEUS SÓ VIRÁ DEPOIS QUE O REINO DE MARIA FOR IMPLANTADO"
Por se tratar de algo tão perturbador a igreja, os escritos de São Luiz de Montfort foram escondidos por 150 anos.Três séculos depois surge a Marjorie Dawe para CONFIRMAR E REAVIVAR seu Reinado como inigualável CO-REDENTORA.

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